ARTIGO Padre Remo Mariani: Uma missão de fraternidade
21.01.2020
Um homem que carrega na voz, mais do que histórias. São relatos de uma vida de compromisso com o divino, de uma vida dedicada a fazer o bem, a estender a mão àqueles que precisam de seu auxílio ou mesmo de algumas palavras de consolo e incentivo. Nos olhos traços, lembranças, memórias que surgem ao recordar de seus preciosos momentos no Brasil, país em que somente foi um estrangeiro até aquele dia 22 de outubro de 1974, quando aqui chegou. Porque logo ao ser recebido, já adentrou em sua missão no sacerdócio.
Entre o entoar de um bem-te-vi ao abrir a janela de seu aposento e a vista dos esplendorosos flamboiãs do alto do Morro de Santa Tereza, Rio de Janeiro, sentiu-se acolhido e por onde andou, acolheu aqueles que necessitavam. Não falava uma palavra em português, mas aprendeu a falar a língua do povo, como ele diz: “Eu aprendi português com as crianças, elas apontavam para seu rosto e diziam os nomes como nariz, orelha e, eu repetia e quando errava, elas riam”, conta com alegria ao recordar do momento.
São 50 anos de sacerdócio e deles, 45 são no Brasil. Passou por cidades como Espírito Santo, São Paulo, Brasília e chegou a Joinville. Tornou-se padre por vocação. “Pelo reino de Deus, em busca de um mundo mais justo e fraterno”, declara.
Ajudou famílias, consolou doentes e deixou sua marca e exemplo em cada canto onde passou: fé, esperança, fraternidade e um ensinamento de que fazer o bem, sempre traz felicidade. “Ele veio ouvir o povo. Faz oração e age junto. Ele é um padre, um pai, um amigo. Ele faz parte da comunidade”, comenta Eunice Gonçalves, participante da comunidade Santa Maria, localizada no bairro Santa Catarina.
“Nós conseguimos um grande presente de Deus, a presença do padre aqui. Ele nos fortaleceu, nos enriqueceu com suas palavras e ações”, diz Adão Abreu de Oliveira.
Homem simples, bem humorado e feliz com sua vocação, com seu caminho de evangelizador. Qualidades destacadas pelos fiéis. “Ele é fundamental na vida da comunidade. Acolhedor e sabe ouvir. Ele vê no próximo a necessidade e se aproxima para ajudar”, relata Elida Teresa Moreira de Oliveira.
Não faltam elogios para o padre e para o humano que desde pequeno teve que aprender a lutar. Lutou pela vida ao nascer com apenas 900 gramas e obteve sua primeira conquista – viver. Passou por diversas atribulações. Perdeu 7 irmãos, os pais, ficou só e mesmo diante de tantas perdas, recorre a fé e age somente por meio dela: “Deus me preparou para entender o sofrimento do povo pelo que vivi”, diz.
Tem uma convicção: “Nós temos que defender a vida em primeiro lugar. Deus quer a alegria do povo, a vida do povo”. E um lema guardado pela comunidade que recita em coro: Unidos pelo amor, paz e bem.
Padre Remo deixou sua marca, mudou pessoas e seguirá presente, mesmo que retornando à sua tão querida cidade natal. Aquela das recordações de menino. Pistoia, uma joia com 90 mil habitantes, da região da Toscana, de onde guarda boas recordações da infância.
Pistoia, terra natal de Padre Remo, da qual ele retorna
Entre os cristãos participantes da comunidade, que o padre mesmo chama de família seguem os testemunhos. Para Hélio Soares, o padre deixará um vazio com sua partida, deixará saudades. “Sentiremos muita falta, mas o que ele nos ensinou vai ficar. Ele nos ensinou a sermos humildes por meio de sua própria humildade”.
“Eu tenho um problema de saúde e às vezes é difícil levantar. Foi por meio das missas do padre Remo que comecei a refletir e encontrar forças para lutar, para seguir em frente”, menciona Ivonete de Oliveira Fagundes.
E Suzane Veiga Giacomelli completa: “O verdadeiro sacerdote é o que o padre Remo faz. O padre nos fortaleceu e não tem dinheiro nenhum que pague”.
E durante toda a sua trajetória pelo país o sacerdote ressalta pontos que realmente o marcaram: “A fé do povo foi o que mais me marcou. Quando o padre está em crise é a fé do povo que nos anima. Ver a alegria do povo e ver que você é importante para eles. Ver a alegria das crianças com pequenos gestos como dar um doce, ver a alegria das famílias com uma palavra de consolo”.
E do Brasil é exatamente isso que levará consigo: a alegria, a fé e o exemplo de paciência da população diante de tantas dificuldades. Já sobre seu destino em Pistoia, a resposta também vem da fé: “A providência de Deus vai dizer”.
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