Centenário de nascimento de Dom Gregorio Warmeling
17.04.2018
A Diocese de Joinville celebra neste dia 17 de abril de 2018 o Centenário de nascimento de Dom Gregorio Warmeling, bispo de Joinville durante 37 anos. Conheça um pouco da história e das marcas que ele deixou na Diocese. Confira abaixo o resumo da biografia, referenciada no livro "Dom Gregorio Warmeling: pastor e profeta".
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História e formação
Há cem anos, no dia 17 de abril de 1918, na cidade de São Ludgero, nascia o primeiro filho de Henrique Warmeling e Rosa Wessaler, Gregorio Warmeling, conhecido pela sua escolha vocacional como Dom Gregorio Warmeling. De família simples, sempre guardou gratas recordações de seus pais. E pela influência religiosa que recebeu dentro de casa, desde muito pequeno manifestou o desejo de se tornar padre. Após sua primeira comunhão, realizada em dezembro de 1929, sentiu intimamente o convite mais profundo de sua vida, Jesus o chamava para ser padre. Dom Gregorio Warmeling ingressou no Seminário de Azambuja, de Brusque, com apenas 12 anos de idade.
No final do ano de 1930, foi diagnosticado com tuberculose na espinha dorsal e viu seu propósito ser momentaneamente interrompido. Desligado do Seminário, voltou para casa e no aconchego do lar e dos cuidados caseiros de sua mãe, recuperou a saúde. E em 1931 já conseguiu retornar ao Seminário. Até 1933 cursou estudos secundários. Em agosto do mesmo ano ingressou na Congregação Mariana, manifestando forte influência na sua espiritualidade. No dia 08 de dezembro de 1934, recebeu a batina eclesiástica. No outro ano, iniciou seus estudos específicos para o sacerdócio através da filosofia, simultaneamente sendo convidado para lecionar no mesmo seminário algumas matérias e desempenhou as funções de prefeito de disciplina.
Início da vida sacerdotal
Pela necessidade urgente do arcebispo Dom Joaquim Domingues de Oliveira de novos padres, em agosto de 1941, Dom Gregório foi ordenado diácono. E, em setembro, recebeu a ordenação sacerdotal. Duas semanas depois já foi nomeado coadjutor na Paróquia Santíssimo Sacramento, de Itajaí. Em 23 de janeiro de 1948, Gregório Warmeling recebeu a provisão de pároco da paróquia Santo Antônio, de Laguna. No plano administrativo foi o responsável pela colocação da imagem de Nossa Senhora da Glória no Morro Pau-do-Sinai, hoje Morro da Glória. O monumento tem 14 metros de altura e foi inaugurado em 1953. É local de turismo e devoção.
Dom Gregório iniciou algumas inovações para a época: a missa das crianças, pregações não feitas do púlpito, mas em meio ao povo e com uma linguagem de maior compreensão. Sentava na praça da Matriz para conversar com o povo, sendo inteiramente disponível. Expressava sua iniciativa dizendo que “procurou sentir a embocadura e o linguajar do povo”. Aprendeu do povo humilde a sabedoria de Deus. Sobre ele, os paroquianos da época falavam: “Foi um homem que levou a sacristia da igreja para a praça”. E é inegável a influência que Laguna exerceu sobre sua vida e conduta. Dom Gregorio gostava tanto da paróquia e da cidade que chegou a pensar que nunca mais sairia de lá. Mas Deus tinha outros planos para sua vida.
Caminhada episcopal
Seu trabalho e sua dedicação como sacerdote e pároco o destinaram para um ministério muito maior: foi nomeado para ser bispo de Joinville. Na emocionante missa de posse realizada na sua própria cidade e paróquia, no dia 29 de junho de 1957, Gregório Warmeling se tornou Dom Gregorio Warmeling, segundo bispo diocesano de Joinville. Sendo bispo ordenante Dom Joaquim Domingues de Oliveira e co-ordenantes Dom Anselmo Pietrulla, OFM e Dom Inácio Krause, CM. Como lema episcopal escolheu “Mihi vivere Christus” (Fl 1,21): Para mim o viver é Cristo. Seu longo episcopado foi uma busca séria, pessoal e eclesial, da centralidade de Jesus Cristo. Nunca pensou em ser bispo. Quando alguém lhe dizia “o senhor vai ser bispo”, ele respondia “só se o Espírito Santo for de férias”.
A Diocese de Joinville hoje colhe frutos plantados num esforço conjunto de leigos e leigas, religiosos e religiosas, diáconos e padres sob a liderança de Dom Gregorio. Logo quando chegou, sentiu que uma grande tarefa o esperava: construir uma Catedral. No entanto, para Dom Gregorio Warmeling, mais importante do que a Catedral de tijolos e pedra, era a construção espiritual. Após longos estudos, optou-se pelo projeto do Arquiteto curitibano Matié que estruturava toda a obra numa idéia-chave: a História da Salvação. E fez deste seu primeiro melhor projeto como bispo. Além da criação de diversas paróquias, também liberou a construção do Seminário Divino Espírito Santo, em Joinville; os centros de formação Shalom e Mosn. Sebastião Scarzello e toda a organização do atual Secretariado de Pastoral.
Dom Gregorio foi bispo referencial do Regional Sul 4, da pastoral da juventude, familiar, operária, do ecumenismo e do Seminário de Filosofia de Santa Catarina, o SEFISC. Além do Conselho de Igrejas para Educação Religiosa, o CIER, que ajudou a fundar e foi presidente durante 27 anos, representava o estado de Santa Catarina nas reuniões da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) em território nacional e constantemente estava empenhado no diálogo e na ação com outras Igrejas e religiões. Seu zelo se intensificava na dimensão catequética. Em 1967, com ajuda de agentes de pastoral, criou o Instituto Diocesano de Catequese - órgão da comissão diocesana de catequese, destinada à formação e aprimoramento doutrinal e espiritual dos catequistas de nível primário, médio e superior. Incentivava muito a participação dos leigos. Lutou de corpo e alma pela implementação dos grupos de reflexão como caminho para formação das Comunidades Eclesiais de Base, as CEBs. Pedia: “é preciso incendiar a diocese com os grupos de reflexão”.
Nas reuniões e assembleias, Dom Gregorio era um homem que chamava atenção para questões sociais e políticas. Sempre o inquietava o desemprego, a fome, a miséria, as favelas, o êxodo rural, os problemas urbanos, a educação. Sua ação evangelizadora sempre foi presidida pelo espírito do Concílio Vaticano Segundo, de abertura da Igreja, de ecumenismo e de sensível e serena espiritualidade. Apoiou o Pe. Luiz Facchini em seu compromisso com as crianças famintas de Joinville, trabalho esse que assumiu caráter institucional em 1994 com a Fundação Pauli-Madi Pró-Solidariedade e Vida. Para ele, uma boa formação cristã deve andar de mãos dadas com a formação humana.
Completados os 75 anos de idade, e 36 de vida episcopal, apresentou o pedido de renúncia em 17 de abril de 1993. No dia 9 de março de 1994 foi publicada a nomeação de seu sucessor, o Pe. Orlando Brandes. Disposto a colaborar com o sucessor, passou a residir em casa própria. Pouco depois foi surpreendido por um câncer maligno de efeitos devastadores. Não temia em dizer com todas as letras “tenho cancer”, seu lema de enfermo canceroso era “seja o que Deus quiser”. Amou Joinville. Em seus discursos e pregações, constantemente falava “Joinville não falha”. Foi ao ser informado de seu fim próximo que gritou: “Incendeiem a diocese!”. Morreu em 2 de janeiro 1997, deixando um apelo “continuem a construir sua diocese, mesmo que nem sempre sintam o apoio de quem o deveria dar”.
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