Converter-se para Deus e para os irmãos
20.03.2019


Por: Dom Francisco Carlos Bach, bispo de Joinville
Tornados filhos e filhas de Deus em Jesus Cristo, nossa vida rege-se pela Palavra anunciada por Jesus Cristo, nosso Salvador. As páginas do evangelho, com propriedade que comprovam a ação do Espírito Santo, mostram-nos que somos vocacionados a viver na casa do Pai, “onde ninguém mais vai sofrer, ninguém mais vai chorar”. Somos destinatários da eternidade no projeto de Deus Pai.
Tal projeto divino não se realiza num passe de mágica, como se não fosse necessária a cooperação humana às graças divinas. E aqui nos defrontamos com a realidade nua e crua: somos pecadores, estamos em processo contínuo de conversão. Lembremo-nos das palavras de São Paulo: “O pecado habita em mim” (Rm 7, 17b). Felizmente a misericórdia de Deus é abundante e em Jesus Cristo descobrimos nossa vocação de filhos, como nos atesta o próprio apóstolo citado: “Todos aqueles que se deixam conduzir pelo Espírito de Deus, são filhos de Deus” (Rm 8,14).
O tempo quaresmal, associado à Campanha da Fraternidade, recorda a nossa vocação divina e fraterna. Não apenas somos lembrados de nossa identidade cristã, mas ainda recebemos da Igreja, neste tempo litúrgico, meios que nos auxiliam no aperfeiçoamento pessoal e comunitário. Recordo as palavras iniciais da mensagem do Papa Francisco para a Quaresma do ano passado: “Mais uma vez vamos nos encontrar com a Páscoa do Senhor! Todos os anos, com a finalidade de nos preparar para ela, Deus na sua providência oferece-nos a Quaresma, sinal sacramental da nossa conversão, que anuncia e torna possível voltar ao Senhor de todo o coração e com toda a nossa vida”. Aqui reside a centralidade do tempo quaresmal: retornar ao Senhor, permitir que Deus conduza a nossa vida, viver os valores do evangelho que nos aproximam de Deus e dos irmãos. O jejum, a esmola e a oração muito nos auxiliam neste processo de conversão.
A Campanha da Fraternidade deste ano de 2019 nos apresenta o tema das Políticas Públicas, alicerçado no lema “Serás libertado pelo direito e pela justiça” (Is 1,27). Tal tema não se confunde com politica partidária, e sim centraliza toda reflexão na responsabilidade e cuidado com todos os que conosco dividem o espaço social, de modo especial com um olhar voltado para que os mais excluídos tenham acesso aos meios necessários para construir uma vida de acordo com a dignidade humana.
O texto-base proposto pela CNBB define Políticas Públicas como “um conjunto de ações a serem executadas pelos gestores públicos, com vistas a promover o bem comum, na perspectiva dos mais pobres da sociedade” O impacto positivo de tais ações, discutidas e aprovadas, será proporcional à participação e acompanhamento dos cidadãos. O tema da CF 2019 é vastíssimo e oferece inúmeras perspectivas de ações. Entre as várias pistas de ações propostas pela CNBB, respeitando as decisões de cada comunidade e organismos envolvidos, duas me chamam mais a atenção: Primeira: ampliar a atuação voluntária das pessoas nas pastorais sociais, priorizando as que mais defendem a vida. Segunda: Estimular a participação dos membros de nossas comunidades nos vários Conselhos Municipais. É o modo mais direto que o cidadão tem para participar das decisões administrativas da sua cidade. Tais conselhos têm a função de propor, supervisionar, avaliar, fiscalizar e controlar os vários âmbitos das políticas públicas. Cito, entre outros, o Conselho Municipal da Saúde, Educação, Cultura, Meio Ambiente, Mobilidade, Patrimônio Histórico.
Fazer Campanha da Fraternidade é pensar no bem do próximo e, sem dúvida, um dos meios é sentir-se ativamente participante na construção das Políticas Públicas para o bem comum da nossa sociedade. Forte abraço. Deus o abençoe.

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