Palavra do Bispo: A Igreja e seu compromisso político
Artigo do mês de novembro de Dom Francisco Carlos Bach
06.11.2020 - 13:43:12

A Igreja não nasceu da livre vontade de homens piedosos que se reuniram numa organização religiosa, mas por desígnio do Senhor. Jesus Cristo, ao fundá-la, determinou sua razão de existir: é de ordem religiosa, não é de ordem política, econômica ou social. É a comunidade do Povo de Deus, escolhido para continuar a missão de Cristo de anunciar e realizar nesta vida o Reino de Deus, revelado na pessoa e na ação de Jesus e destinado a se realizar plenamente quando Deus for tudo em todos.
À primeira vista, após o enunciado anterior, podemos erroneamente afirmar que a Igreja não tem nada a ver com política, economia e ordem social. É exatamente o contrário, pois a dimensão religiosa determina a responsabilidade da Igreja com a sociedade civil. A Igreja, ao pregar o evangelho, tem a missão de iluminar todos os setores da atividade humana, o que inclui respeitar e promover a liberdade política e a responsabilidade dos cidadãos (cf. Constituição Pastoral Gaudium et Spes, do Concílio Vaticano II, n. 42 e 76).
A Igreja, na sua missão de evangelizar, não pode ficar alheia às questões urgentes de ordem temporal que dizem respeito aos homens e mulheres de nosso tempo. É verdade que o Reino de Deus não é deste mundo, mas neste mundo devem ser implantadas as virtudes deste Reino: a verdade, a justiça, a solidariedade e a fraternidade.
A Igreja de Jesus, sob a luz do evangelho, indica o caminho e o modo de construir a sociedade em função da pessoa e de sua dignidade. Sua missão é inserir o fermento do evangelho em todos os campos da atividade humana. A Igreja é perita em humanidade, pois existe para ser a luz do mundo e o sal da terra. Quem mais entende de humanidade do que o seu próprio Criador, cuja face foi revelada por Jesus Cristo? Ao anunciar os princípios que devem reger a ordem política, a Igreja coloca-se a serviço de todos aqueles que assumem as responsabilidades pelo bem comum do nosso povo.
A Igreja tem consciência da complexidade dos problemas que a nossa sociedade brasileira enfrenta e das dificuldades em encontrar soluções adequadas. No entanto, ela ensina que é necessário insistir na conversão da mente e do coração para que se façam reformas que sirvam dignamente à pessoa humana, sem nunca ignorar que esta é mais importante do que a necessária e imprescindível estrutura e organização técnica da sociedade (Cf. Evangelli Nuntiandi, n.18).
“A atual crise ética e política poderá tornar-se ocasião de amadurecimento e aperfeiçoamento das instituições democráticas do país, levando-nos ao comprometimento com a verdade que nos liberta, construindo o Brasil mais justo, solidário e livre, onde justiça e paz se abraçarão” (Documentos da CNBB, n. 82). A Igreja, enquanto instituição, não deve inserir-se no processo político-partidário, mas sim no processo político. Realiza tal processo enquanto sensibiliza as consciências para trabalhar pelo bem comum de todos, para respeitar, defender e promover a vida, para preocupar-se com o bem-estar de cada um e para ajudar a construir um país mais justo, com direitos iguais para todos.
É tempo de processo eleitoral. Felizmente vivemos em regime democrático, e podermos repassar o poder que nos pertence a pessoas que deverão gerir nosso bem comum. É com a participação política, inclusive pelo voto, que se realiza o crescimento de todos na liberdade, na dignidade e no senso de responsabilidade. Não façamos nossas escolhas por amizades ou interesses pessoais, mas elejamos pessoas capacitadas e comprometidas com o bem comum de nossas comunidades.
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Fonte Dom Francisco Carlos Bach
Fotógrafo Divulgação