Palavra do bispo: Na Bíblia o encontro com Cristo, a Palavra do Pai
02.09.2019
Artigo de Dom Francisco Carlos Bach - Bispo de Joinville
Como cristãos, estamos plenamente convencidos de que Jesus Cristo é nosso único Senhor e Salvador. Apesar desta convicção, muitas vezes nós nos esquecemos da Bíblia, caminho admirável para encontrar-se com o Senhor. Renovar o interesse pela Palavra de Deus é uma das metas das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil para o quadriênio 2019-2023, aprovadas na recente Assembleia Geral da CNBB, em maio deste ano. O documento 109 da CNBB, que contém as Diretrizes, dos números 154 a 159 propõe ações e iniciativas concretas para que a Sagrada Escritura “se torne sempre fonte inspiradora de oração comum, de fraternidade e de conversão” (n. 149).
É inegável que, desde o Vaticano II, a Igreja tem dado um grande impulso aos estudos bíblicos e à pastoral bíblica nas comunidades cristãs. Merece destaque, entre outros, o Sínodo realizado em Roma, em outubro de 2008, que abordou o tema “A Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja”. Na sua mensagem final, afirma que a Bíblia é o caminho para encontrar-se com Deus. Este, na criação do mundo, apresenta-se como voz divina e “amorosamente, oferece sua graça, sua aliança, sua salvação”. Em Jesus Cristo, a Palavra de Deus mostra o rosto divino “que revela à humanidade o sentido pleno e unitário da Sagrada Escritura”. A Palavra de Deus tem uma casa, a Igreja, lugar e meio através do qual se apresenta à humanidade e na qual se inserem outras Igrejas e comunidades cristãs que veneram e amam a Palavra divina. Por fim, o Sínodo diz que a Palavra de Deus quer percorrer os caminhos do mundo, quer entrar nas famílias, nas escolas e nos âmbitos culturais.
O papa São João Paulo II, em 1997, no encerramento da Assembleia dos Bispos da Conferência Episcopal Italiana, apontou as razões da nossa atenção, contínuo uso e amor à Sagrada Escritura: “Nela encontramos os princípios doutrinais e as vias pastorais mais apropriadas, para fazer com que o encontro com o Livro Sagrado mantenha a sua intrínseca qualidade de escuta da Palavra de Deus, seja uma aproximação exegeticamente correta, torne-se fonte de vida espiritual, anime e revigore toda a ação pastoral, guie e sustente o diálogo ecumênico, manifeste a grande riqueza também humana e cultural, que brota da Bíblia e tem produzido maravilhosos frutos de civilização na Itália e também em muitas outras nações”. Podemos acrescentar, sem medo de errar, o nosso Brasil e enfatizar os frutos admiráveis acontecidos em nossa Diocese, através dos Grupos Bíblicos de Reflexão, escolas bíblicas paroquiais etc.
Nossa ação evangelizadora perderia sua identidade se a Palavra de Deus não estivesse continuamente sendo anunciada mediante a sua proclamação na liturgia, catequese, leitura orante, Grupos Bíblicos de Reflexão, entre outros. Tais meios conduzem ao encontro com o Cristo, Palavra do Deus vivo através da meditação, oração e contemplação. Deste modo, as comunidades paroquiais e religiosas, as pastorais e os movimentos eclesiais, as famílias e as Novas Comunidades poderão experimentar a condescendência amorosa de Deus Pai que, mediante a Sagrada Escritura, manifesta a natureza de seu Filho unigênito e o seu desígnio de salvação para cada pessoa.
Constatamos que houve grande valorização da Palavra de Deus em nossa Igreja, contudo há ainda numerosos fiéis que não tem a Bíblia em seus lares. Muitos a tem, mas não a valorizam na sua justa medida. Convém recordar a frase de São Jerônimo: “Ignorar as Sagradas Escrituras, com efeito, significa ignorar Cristo”. Nossa missão de trabalhar para que a Escritura Sagrada seja compreendida e acolhida na plenitude de sua verdade é árdua, porém soam em nossos ouvidos as palavras de São Paulo: “Anunciar o evangelho... é uma necessidade que se me impõe. Ai de mim, se eu não evangelizar” (cf. 1Cor 9,16).
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