Palavra do Bispo: Pés no chão, coração no alto
01.11.2019
Por: Dom Francisco Carlos Bach.
O mês de novembro caracteriza-se por uma diversidade de eventos cívicos e religiosos que se entrelaçam. Respeitando a ordem cronológica dos dias, celebramos o Dia de Todos os Santos (1) e a comemoração de todos os Fiéis Defuntos (2), que nos mostram a vocação mais sublime da nossa existência: conviver eternamente na casa do Pai. Recordamos, com carinho, aqueles que já estiveram em nosso meio e agora vivem na eternidade.
O dia da Proclamação da República (15) e o Dia da Bandeira (19) lembram que somos cidadãos do mundo. Temos uma pátria terrena, corresponsáveis na edificação do bem comum. Constatamos que somos dependentes uns dos outros e é nas relações, as mais diversas possíveis, que nós, seres humanos, construímo-nos continuamente. O Dia Nacional de Ação de Graças (28) e a proximidade do tempo do Advento no calendário litúrgico da Igreja Católica nos advertem que de Deus tudo recebemos e nele colocamos nossas esperanças. Este é o nosso mundo, este é o nosso tempo. É aqui e agora que se constrói a eternidade.
A cultura atual que vivenciamos apresenta-se como uma realidade ambígua. Por um lado, existe um aspecto atraente, que promete comodidade e bem-estar na vida material, mas por outro lado nos traz interrogações e sérias inquietações ao colocar em cheque os valores tradicionais. Não há como negar que a modernidade é, inclusive, um risco para os cristãos. A nossa sociedade é ameaçada pela ausência de Deus, ateísmo, materialismo e, mais ainda, pelo relativismo e pelo indiferentismo. Somos convocados pela Palavra de Deus a um processo diário de conversão.
Cremos que somente a partir dos valores evangélicos é possível sedimentar a coerência entre vida pessoal e eclesial na interação com o mundo moderno e seus valores. Deus não pode ser excluído da história em nenhum momento já que ele é o senhor dela, e nem da vida pessoal e civil. Por outro lado, recordamos que tal missão é pertinente para todos aqueles que são educadores, entre os quais nomino os pais e professores. Cabe-lhes formar pessoas capazes de discernir e escolher o melhor para suas vidas, obedecendo a critérios de valores que respeitem a pessoa e sua dignidade. Igualmente é responsabilidade de todo cristão transformar a realidade atual de acordo com os valores do Reino de Deus, revelado por Jesus Cristo, sem jamais esquecer a dimensão da eternidade.
Como cristãos católicos, fazemos parte de uma sociedade eclesial e o sentido maior ou menor de pertença a ela é consequência da firmeza e vivência da fé. Se a pertença à Igreja de Jesus é autêntica e verdadeira, o fiel participa dela e nela empenha toda a sua fé. Religião é muito mais do que rito, pois a vivência cristã incide diretamente no dia-a-dia. Jesus recomendou-nos esta unidade de vida no exemplo da videira e dos ramos (cf. Jo 15, 1-7), e São Paulo desenvolveu esta realidade de vida cristã com o exemplo da unidade de vida no corpo com a pluralidade dos membros (cf. 1 Cor 12, 12-21). Somente a partir da união com Jesus Cristo e do amor mútuo conseguiremos criar um mundo novo, sem contradições entre o tempo e a eternidade. É o que rezamos na oração do Pai nosso: “seja feita a vossa vontade assim na terra como no céu”.
Todos os que buscam seguir Cristo mais de perto têm a grave responsabilidade na comunidade eclesial e social de apresentar à cultura atual um novo modo de olhar as realidades humanas. O cristão tem a missão de oferecer à sociedade em que vive os valores do evangelho. É testemunha de Cristo e dos valores novos por ele oferecidos à humanidade.
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