Palavra do Bispo: Fraternidade e Vida: Dom e Compromisso
03.03.2020 - 17:01:32

A Campanha da Fraternidade 2020, com o tema “Fraternidade e Vida”, entre tantas reflexões e questionamentos, nos coloca diante da realidade da cultura da morte, promovida por certos setores da sociedade humana. Denominamos “cultura da morte” o conjunto dos pensamentos e ações que trabalham para desvalorizar e eliminar a dignidade da pessoa humana e, consequentemente, sua eliminação física. Quando a pessoa humana não é mais reconhecida como valor absoluto dentro do mundo criado, torna-se um joguete nas mãos dos inescrupulosos e meio para obtenção dos mais irracionais objetivos. Em concreto, para exemplificar a cultura da morte, podemos citar a eliminação do inocente no ventre materno, a manipulação de embriões humanos, a esterilização, a eutanásia, o tráfico de órgãos, as execuções premeditadas de pessoas, a violência cultivada em filmes e revistas e até sendo dada como “alimento intelectual” às nossas crianças nos desenhos animados. Na vertente destes fatos negativos está o não-reconhecimento do valor de cada pessoa como a obra mais perfeita da criação.
A doutrina social da Igreja, a partir dos parâmetros do direito natural e da manifestação da vontade de Deus na história humana, especialmente em Jesus Cristo, afirma a vocação terrena e transcendente da pessoa. O homem, imagem de Deus, é chamado a ser seu filho e a viver em comunhão com ele. A pessoa é o princípio, o sujeito e o fim de todas as instituições sociais. O respeito à pessoa humana é critério fundamental para a estruturação da própria sociedade. Respeitar a dignidade da pessoa humana significa reconhecer, defender e promover os seus direitos universais, invioláveis e inalienáveis: existência, integridade física, dignidade no viver e componentes consequentes.
O cristão é, por excelência, otimista. Ao contrapor a cultura da morte à cultura da vida encontramos um superávit admirável a favor desta. As reflexões e ações a favor da vida são admiravelmente maiores. Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador, comunicou-nos o seu ser como filho do Pai. Ele fez-se como nós para nos fazer como ele: filhos no Filho, portanto pessoas livres da lei do pecado. Ao ressuscitar, a Vida (Jesus) venceu morte, e não podemos esquecer que a ressurreição de Cristo é a antecipação da nossa própria ressurreição.
Os sinais de vida e esperança estão presentes na humanidade. Cito alguns: pais dando a vida por seus filhos, educadores colocando toda a sua criatividade na formação para a vida de seus educandos, médicos e enfermeiros que não poupam esforços para salvar vidas, pessoas que imolam suas vidas para que outras tenham a vida. São inúmeras as instituições assistenciais e pastorais que tem como única finalidade salvar ou promover a vida. Cresce na opinião pública mundial a sensibilidade contra a guerra e a pena de morte. A vida é mais forte do que a morte.
Mas como entender corretamente o sentido da vida humana para que ela não se esgote em si mesma? Recorremos à fé cristã. A única esperança que pode sustentar a vida humana é Deus, que nos amou e nos ama “até a plena consumação” (Jo 19,30). Jesus Cristo veio para nos dar vida em plenitude e nos explicou o significado maior da palavra vida: “A vida eterna consiste nisto: que te conheçam a ti, único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” (Jo 17,3). Concluo com as palavras da Carta Encíclica de Bento XVI sobre a Esperança, n.27: “A vida na sua totalidade é relação com Aquele que é a fonte da vida. Se estivermos em relação com Aquele que não morre, que é a própria Vida e o próprio Amor, então estamos na vida. Então vivemos. ”
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Fonte Dom Francisco Carlos Bach