Palavra do Bispo: Paz na terra aos homens de boa vontade
Dom Francisco retorna à encíclica A Caridade na Verdade para debater os princípios para o desenvolvimento do mundo atento ao ser humano e sua dignidade
03.09.2020 - 09:59:03

Em meu artigo deste mês, retorno a uma carta encíclica do Papa emérito Bento XVI, de 29 de junho de 2009, intitulada “A caridade na verdade”. Entenda-se a palavra “caridade” no seu sentido teológico, isto é, como “amor” nas suas diversas expressões, delineadas em encíclica anterior do mesmo Papa emérito. O amor tem sua origem em Deus, o Amor Eterno e a Verdade Absoluta. Estar a serviço da verdade é uma forma imprescindível de manifestação do amor.
A Encíclica papal não tem por objetivo oferecer soluções técnicas para os vastos problemas sociais do mundo atual, visto que não é competência do magistério da Igreja católica, mas sim recordar os grandes e indispensáveis princípios para o desenvolvimento e entre eles, a atenção devida ao ser humano, em razão de sua dignidade e vocação. Em outras palavras, o Papa elenca os grandes princípios que se revelam indispensáveis para o verdadeiro desenvolvimento humano, pessoal e global.
Analisando a atual realidade econômica e social, o Santo Padre descortina uma série de problemas que colocam em risco a própria humanidade. Afirma categoricamente que não há humanismo verdadeiro se este não estiver orientado ao Absoluto, razão última do ser humano. Não é possível entender o desenvolvimento da humanidade sem compreender profundamente o ser humano, que é, ao mesmo tempo, seu sujeito e objeto. Ao lado do bem individual, busca-se o bem comum, exigência da justiça e da caridade. Trabalhar pelo bem comum é uma forma concreta de amar, desde que as razões estejam sustentadas na caridade.
O Santo Padre exalta a liberdade praticada com responsabilidade, sublinha a importância do conceito de gratuidade que entende como capacidade de doar-se. A fraternidade, um dos aspectos essenciais do cristianismo, é chamada a se fazer presente nas novas formas econômicas e redes de solidariedade. A Encíclica busca clarificar a mente dos responsáveis pela sociedade a uma nova visão de economia marcada pela solidariedade e gratuidade, contrapondo ao capitalismo radical que ignora o valor da pessoa humana e fixa-se apenas no lucro obtido.
Recordando princípios sociais pontuados em encíclicas sociais anteriores, afirma que é indispensável refletir sobre o futuro do ser humano a partir de uma nova visão de economia e mostrar que humanismo, desenvolvimento e espiritualidade estão interligados entre si. O crescimento integral do ser humano comporta necessariamente promover o homem todo e todos os homens. No projeto amoroso do Pai, o ser humano, feito para a felicidade, apropria-se desta à medida que desenvolve as várias dimensões do seu ser, ciente de que tal norma é válida para si e para todos os seus semelhantes. O desenvolvimento pessoal exige ações realizadas pelo bem de todos.
Nosso tempo exige reavaliação das ações políticas públicas a fim de que surja um modelo social e econômico a serviço de cada pessoa. É importante recuperar o princípio da gratuidade na economia, pois apesar de válido, o lucro não pode ser a regra suprema de mercado. É possível um futuro melhor para todos, mas este pressupõe a redescoberta dos fundamentais valores éticos de responsabilidade diante do Senhor e do ser humano, entendido como criatura de Deus, e constituído para ser instrumento de seus dons, para difundir a caridade, ou como diz o Papa, para “tecer redes de caridade”.
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Fonte Dom Francisco Carlos Bach
Fotógrafo Divulgação