Pastoral Indigenista realiza primeiro encontro diocesano
Padre Carlinhos discorreu sobre a Encíclica Laudato Si (Louvado Seja), do Papa Francisco
01.09.2021 - 16:25:13

Criada em 2018, a Pastoral Indigenista da Diocese de Joinville promoveu no dia 28 de agosto, de forma virtual, o primeiro encontro diocesano. A reunião foi moderada por Lucia Ana Fritzen de Souza, da Associação Diocesana de Promoção Social (Adipros), e teve como palestrante o padre Carlinhos.
Participaram a coordenadora da pastoral, irmã Lourdes Christ, o referencial, padre Fabiano Rezendes, e os voluntários Leonardo Takazono, Helena Spricigo, Cristiane Otto, Marlete Cardoso, Luís Siqueira e Gilson de Borba, além da assessora de comunicação da Diocese, Albertina Camilo.
Irmã Lourdes lembrou que o atual momento é delicado e destacou as lutas que os indígenas estão enfrentando em Brasília para proteger seus territórios e fazer valer a Constituição. “Estamos em oração por todos eles”, afirmou.
O Supremo Tribunal Federal (STF) retomou nesta quarta-feira (1º/9) o julgamento sobre a questão do “marco temporal” das demarcações de Terras Indígenas (TIs), suspenso no dia 26 de agosto (leia mais AQUI).
Eixos do trabalho Padre Carlinhos lembrou que o grupo não precisa ser grande, mas deve ter o potencial do sal, que, em pequena quantidade, faz a diferença no alimento. Ele discorreu sobre a Encíclica Laudato Si (Louvado Seja), do Papa Francisco, incluindo exemplos e histórias sobre os eixos temáticos que devem nortear o trabalho da Pastoral Indigenista. Confira:
1) A relação entre os pobres e a fragilidade do planeta. “O que fragiliza o planeta é a desigualdade social. Precisamos entender que a terra é de Deus. Deus deu a terra para todos”.
2) A convicção de que no mundo tudo está interligado. Contou a história do ratinho que ficou preocupado quando soube que havia uma ratoeira na fazenda, mas nenhum outro animal se compadeceu de sua angústia. Ao final, a ratoeira virou causa de destruição até mesmo para o dono da fazenda, provando que não podemos ficar indiferentes à dor alheia.
3) A crítica ao paradigma e às formas de poder que derivam da tecnologia. “Questionemo-nos sobre a relação do homem com o meio ambiente e com o outro”.
4) Compreender o universo, a economia e o progresso. “Convite a buscar outras maneiras de compreender os demais, visto que a missão começa sempre onde a gente está. Por isso não há necessidade de sofrer tentando ser útil em outro lugar. Olhemos ao nosso redor”.
5) O valor próprio de cada criatura. Padre Carlinhos lembrou que todos os seres humanos têm direito a nome, nome de pais e avós e cidadania. “Embora no Brasil vejamos mais cuidados com o gado (240 milhões de cabeças), por exemplo, que têm garantidos sua certidão de procedência, cota de espaço, água e ração”.
6) Ecologia – Nosso espírito é água. "Se ‘o espírito de Deus pairava sobre as águas’, então a água deve ser ainda mais sagrada, pois representa o que de melhor recebemos de Deus: nosso espírito. A terra é a carne, por isso precisamos nos alimentar, e nosso corpo fica aqui ao final dessa jornada do espírito. João Paulo II beijou a terra do Brasil, abençoando-o. E nós, o que estamos fazendo?”
7) A necessidade de debates sérios e honestos em todos os níveis. “Para que possamos dar as mãos e crescer juntos. As cidades não podem privilegiar os ricos em detrimento dos pobres que vivem nas periferias e têm que conviver com os restos produzido pelos abastados”.
8) Quem vai ao encontro dos pobres encontra Jesus. Padre Carlinhos citou o ditado africano “Pessoas simples e pequenos lugares, em qualquer tempo, de muitos modos, fazem grandes coisas” para lembrar que a missão da Pastoral Indigenista é a missão de Jesus em meio aos mais pobres.
9) A cultura do descarte. “É imprescindível que aprendamos e ensinemos uma nova cultura, uma nova forma de respeito à natureza. Gente inteligente cuida do meio ambiente. Frases impactantes e motivadoras têm a capacidade de modificar pensamentos e ações da comunidade”.
10) Proposta de um novo estilo de vida. “Alegria de viver, de interagir, sermos presença de Deus, fazendo coisas simples. Não precisamos de ouro para sermos ou fazermos felizes os que nos rodeiam. Quando a gente cuida dos pobres, Deus cuida da gente”, disse padre Carlinhos, que faz uma provocação: “Existem três tipos de pessoas: as que fazem acontecer, as que deixam acontecer, as que perguntam o que aconteceu. Em que grupo quer estar?”
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Fonte Assessoria de Comunicação e Marlete Cardoso/Pastoral Indigenista