Vamos ouvir nossos idosos?
No mês em que se comemoram o Dia dos Avós e o 1º Dia Mundial dos Avós e dos Idosos, Pastoral da Diocese de Joinville chama atenção para a necessidade de a pessoa idosa continuar sendo protagonista de sua história
23.07.2021 - 15:05:49
(Na foto acima, registro da assembleia avaliativa diocesana realizada antes do início da pandemia)
A partir deste ano, passamos a ter duas datas para homenagear as pessoas idosas. Tradicionalmente, o Brasil comemora o Dia dos Avós em 26 de julho. O Papa Francisco também instituiu 25 de julho como o Dia Mundial dos Avós e dos Idosos. As duas datas reverenciam os avós de Jesus, Sant’Ana e São Joaquim, e chamam atenção para a importância da pessoa idosa nas comunidades.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2019 o número de pessoas com mais de 60 anos no Brasil era de 32,9 milhões, com tendência de crescimento. Mas se a economia e o turismo já descobriram o grande filão de negócios proporcionado pelos idosos, no outro extremo está uma grande parcela que sobrevive em uma realidade de carências, maus-tratos e invisibilidade. Estamos falando de milhares de pessoas nesta situação.
É com a parcela de idosos mais carentes que atuam instituições como a Pastoral da Pessoa Idosa (PPI) da Diocese de Joinville. Para saber um pouco sobre a situação deles, falamos com a coordenadora diocesana da PPI, Meri Cristine Dobner.
Confira abaixo a entrevista com Meri Dobner:
O que faz a Pastoral da Pessoa IdosaA Pastoral da Pessoa Idosa tem característica missionária, vai ao encontro do idoso e dos órgãos que prestam assistência a ele, como os Centros de Referência de Assistência Social (Cras), os Centros de Referência Especializado de Assistência Social (Creas), as Unidades Básicas de Saúde (UBS) e as pastorais sociais da Igreja. Entramos em contato com quem pode ajudar no que for necessário, como doação de cestas básicas, maior atenção aos cuidados com a saúde, denúncias em caso de maus-tratos. Nossa missão é escutar, por isso pedimos que cada líder não assuma muitos idosos para que possam estar à disposição e cuidar deles da melhor forma. Também alertamos sobre alguns cuidados importantes no dia a dia dos idosos, como tirar tapetes dos cômodos para evitar quedas, colocar apoios para que eles possam se equilibrar melhor, prestar atenção na alimentação e no consumo de líquidos, pois quando chegam numa certa idade esquecem de tomar água. São coisas simples que fazem muita diferença.
Atendimentos na pandemiaDurante a pandemia tivemos de nos adaptar. Fazemos muitas ligações para os idosos ou suas famílias, deixamos bilhetinhos nas caixas dos Correios, fizemos algumas visitas sem passar dos portões, pedimos que nos mandem áudios, conversamos por vídeo-chamadas. Muitos líderes da PPI são idosos e têm suas limitações também. Embora eu sempre defenda que o idoso deva continuar a ser protagonista, seria bom que jovens também estivessem fazendo esse trabalho (na PPI).
Olhar mais amoroso É preciso plantar já na primeira eucarística e nas escolas um olhar mais amoroso e de valorização dos idosos. Lembrar que o idoso é um ser humano que deu certo. Hoje a gente vê muito abandono nos lares de longa permanência (há mais de 40 desses espaços em Joinville, além de muitos clandestinos). Por isso é preciso ensinar esse respeito desde a infância.
O idoso nas famíliasA vida é dura, muitos idosos foram machucados quando crianças ou são pessoas que já machucaram alguém. Por causa dessas feridas, o relacionamento em família costuma ser difícil. É preciso trabalhar o perdão para que a finitude seja tranquila. O trabalho é difícil quando se chega em uma família que está machucada. Precisamos de muitos líderes com essa disposição. A messe é grande, mas os operários são poucos.
Direito à opiniãoPrecisamos olhar e enxergar as necessidades do idoso. Também é importante ter consciência de que a pessoa idosa tem o direito de ter opinião e de interagir na comunidade, de continuar sendo protagonista de sua história.
Espaço para o idoso na IgrejaHá muita gente que se aposenta e deixa de usar o seu potencial. A Igreja precisa dessas pessoas. Precisa de médicos, de advogados, de profissionais que possam auxiliar. O idoso tem espaço garantido na Igreja para colocar em prática os seus dons.
O que o idoso pensa?O tratamento dispensado aos idosos mudou para pior. Perdeu-se o respeito, disseminou-se a ideia de que o idoso é alguém que já não serve mais. Temos de voltar a enxergar o seu potencial. Mas para resgatar esse respeito temos de ouvi-lo. Se você não presta atenção, não consegue saber o que o idoso pensa. Até o gato tem mais prioridade que o idoso no sofá. Insisto que precisamos plantar a semente do respeito nas escolas, na primeira eucarística, na Infância Missionária. É um resgate em que precisamos trabalhar bastante.
O maior desafioVejo que o maior desafio do idoso é conseguir ser protagonista de sua história, é ser olhado como um ser humano que tem desejos e vontades, é ser notado. Os idosos têm muita sede de falar e muita história para contar.
Sobre a nova dataSempre que algo ou alguém fica em foco, as pessoas prestam mais atenção. O idoso ficou em foco na pandemia, embora em uma situação triste. Muitos tiveram de olhar com mais atenção para o seu idoso. Ele merece ser visto como protagonista e não como uma pessoa que só dá trabalho e tem de ser cuidada. Com o 1º Dia Mundial dos Avós e dos Idosos instituído pelo Papa Francisco, mais pessoas se voltaram para o idoso. É um resgate de potencial.
Mensagem para a família e o idosoFamílias, tenham um olhar de cuidado e muito mais de respeito ao ser humano que é o idoso. Idosos, não percam a fé e a esperança. Saiam do sofá, se valorizem, usem seu potencial. E quem sentiu no coração que pode nos ajudar, procure a Pastoral ou fale com seu pároco.
Programa Vida PastoralMeri Cristine Dobner (foto acima) foi a entrevistada desta semana do Programa Vida Pastoral, que vai ao ar às 12h de sábado na Rádio Arca da Aliança. O programa também pode ser ouvido no Spotify da Diocese e nas web rádios Na Presença de Deus, Vida Nova e Santa Rosa de Lima.
Leia também:
A Pastoral da Pessoa Idosa em ação (antes da pandemia):
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Fonte Albertina Camilo / Assessoria de Comunicação