Um erro no destino das embarcações carregadas de pessoas que atravessavam o Rio Itapocu em direção a Jaraguá do Sul/SC, por volta de 1876, época em que a cidade estava sendo colonizada, deixou algumas famílias no pedaço de chão que se tornaria Guaramirim/SC mais tarde. Ali, no meio do nada, os colonizadores construíram o munícipio, reservando espaço, também, para a construção de uma igreja, que ganharia o nome de Paróquia Senhor Bom Jesus, em 1950.
De um início difícil, com padres chegando e saindo por não encontrarem formas de evoluir a igreja, à vontade e coragem do Pe. Mathias Stein. Desafiado, em 1949, por Dom Pio de Freitas, bispo da Diocese de Joinville na época, não hesitou em assumir a ainda comunidade de Guaramirim. Mesmo trabalhando em uma cidade pequena e em evolução, o padre conseguiu o decreto que elevou de comunidade à Paróquia Senhor Bom Jesus um ano após ter chegado, em 8 de dezembro de 1950.
Padre Mathias, natural da cidade de Schneppenbach, na Alemanha, é lembrado até hoje pela criação da paróquia e outras obras, como a do Hospital Santo Antônio. Em 2007, no livro “Padre Mathias monsenhor Stein, amor incondicional a Deus e zelo incansável pelo bem-estar do povo”, escrito por Francisco Herbert Schork, é contado um resumo da vida do padre, dos feitos realizados no decorrer de sua vida e feitas pequenas homenagens de pessoas próximas a ele. O dinheiro arrecadado com a venda dos exemplares do livro, escrito voluntariamente, foi doado ao Seminário Diocesano de Joinville/SC.
A leitura resgata, segundo Schork, a importante história da cidade e da Igreja, que na sua visão, é destorcida por boatos. “Gosto dessa parte histórica e havia muita confusão, porque nós só tínhamos o livro tombo, o livro de registros oficiais da paróquia”, explica. O autor, também professor formado em parapsicologia, é natural de Guaramirim. De família católica, desde a infância diz ter acompanhado a Igreja. Na juventude, chegou a ser seminarista. Envolvido com a comunidade, acompanhou de perto todo o trabalho realizado por Pe. Mathias em sua passagem por Guaramirim, que foi de 1949 a 1976. Depois disso, o padre voltou para a Alemanha, onde morreu em 1991.
Apesar das implicâncias por causa do jeito exigente de Pe. Mathias, para Francisco, um dos aprendizados deixado por ele foi o senso de colaboração. Ele fala da vontade do padre de envolver a população nas obras, como nas construções das 23 capelas, do centro catequético e do hospital. O próprio escritor lembra-se de ter carregado pedras e da vizinhança mobilizada trazendo materiais em suas carroças. “Tudo que se quer fazer em Guaramirim, se consegue, pois o legado deixado por Pe. Mathias continua até hoje”, destaca.
Atualmente, a Paróquia Senhor Bom Jesus e suas oito comunidades contam com a presença da população do munícipio, estimada em 41 mil habitantes, segundo o senso de 2015 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), para continuar evoluindo. Para o atual pároco, Pe. Ilmo Dick, a Igreja Matriz já está pequena para a quantidade de fiéis e, caso tivessem a oportunidade de abrir mais um horário para mais uma missa no domingo de manhã, certamente teriam a igreja cheia.
Vida Pastoral
A Paróquia Senhor Bom Jesus de Guaramirim/SC conta, hoje, com 20 pastorais. Entre elas, estão a Catequese, o Dízimo, os Grupos Bíblicos de Reflexão (GBR), a Pastoral do Idoso e da Comunicação, a Pascom. Além delas, há também um grupo para os Cursilhos e da Renovação Carismática Católica (RCC).
O desejo do Pe. Ilmo, agora, é criar algumas pastorais que ainda não existem e recriar outras, que deixaram de existir. Duas delas são a Pastoral da Visitação e a da Sobriedade.
Festa Senhor Bom Jesus
A festa típica do Senhor Bom Jesus ocorre sempre no mês de agosto. Neste ano, o pároco pretende recuperar a tradição da festa, que para ele, se perdeu com o passar dos anos, pelo menos na parte espiritual. Pensando nisso, já foi decidida a realização de uma novena, nove dias antes da festa. O restante da programação ainda está em fase de definição.