19 de agosto: Dia Nacional de Luta da População em Situação de Rua

Data foi instituída em memória do assassinato de sete pessoas enquanto dormiam na região da Praça da Sé, em 2004

A denominação mudou. Já não são mais chamados de moradores de rua, mas de pessoas em situação de rua por órgãos e entidades que prestam assistência. Porém, os dilemas continuam os mesmos. E estes são lembrados principalmente em 19 de agosto, Dia Nacional de Luta da População em Situação de Rua.

A data foi instituída em memória do “Massacre da Sé”: em 2004, sete pessoas foram assassinadas e oito ficaram gravemente feridas enquanto dormiam na região da Praça da Sé, capital paulista.

A partir deste acontecimento, mais olhos se voltaram para essas pessoas em todo o Brasil, e começou a ser construído o Movimento Nacional da População de Rua, que está na ativa pela garantia de direitos. 

Cinco anos depois, em 2009, foi instituída pelo Decreto nº 7.053 a Política Nacional para a População em Situação de Rua, que é definida como “o grupo populacional heterogêneo que possui em comum a pobreza extrema, os vínculos familiares interrompidos ou fragilizados e a inexistência de moradia convencional regular, e que utiliza os logradouros públicos e as áreas degradadas como espaço de moradia e de sustento, de forma temporária ou permanente, bem como as unidades de acolhimento para pernoite temporário ou como moradia provisória”. 

O decreto determina que haja acesso “amplo, simplificado e seguro” aos serviços e programas das políticas públicas de saúde, educação, previdência, assistência social, moradia, segurança, cultura, esporte, lazer, trabalho e renda. A realidade, porém, está bem longe da teoria.

História de Vida 

O dia a dia da população em situação de rua é marcado pela discriminação e pelo julgamento. Para o coordenador do Centro Pop (Joinville), Cleiton José Barbosa, é preciso que se comece a olhar de forma humana e livre de preconceitos para essas pessoas. "Cada indivíduo desses tem uma história de vida. E nem sempre foi escolha dele acabar em uma situação de rua. Há um contexto dentro da história de vida dessa pessoa, algum problema estrutural que o levou a essa situação”, destaca.

Situação em Joinville

Segundo a comunidade Eis-me Aqui, da Diocese de Joinville, com base nas ações que realiza em torno da população de rua, há cerca de 800 pessoas nesta situação no município. Na cidade mais populosa de Santa Catarina existe uma rede de auxílio que busca atender às necessidades de higiene pessoal, alimentação adequada, acolhimento, saúde, educação profissional e acesso ao trabalho. 

Confira:  

Centro Pop

Localização: rua Paraíba, 937 – Anita Garibaldi. (47) 3433-3341

O Centro Pop é a porta de entrada para acolhimento da população em situação de rua. A média de atendimento no local é de 389 usuários/mês. Promove acesso a benefícios sociais, cursos profissionalizantes e espaços para higiene pessoal, além de realizar encaminhamentos para a Casa de Passagem Vó Joaquina e o Abrigo Institucional Essência de Vida, da comunidade Eis-me Aqui.

Funciona de segunda a sexta, das 7h às 19h, exceto feriados e pontos facultativos.

Casa de Levi (comunidade Eis-me Aqui).

Localização: rua Voluntários da Pátria, 105 – Itaum. (47) 99718-4655. 

A comunidade Eis-me Aqui, da Diocese de Joinville, tem mais de 300 voluntários que se revezam em diversas ações que amenizam as carências da população em situação de rua. 

“Somos uma equipe de voluntários que alimenta física e espiritualmente as pessoas em situação de rua, mas nosso objetivo maior é reintegrá-las à sociedade com amor”, explica a coordenação da comunidade Eis-me Aqui.

A Casa de Davi atende a partir das 17h30, oferece jantar diário, roupas e materiais de higiene pessoal. A média diária de atendimentos é de 60 pessoas. Há cinco vagas para permanência por um período neste espaço, via convênio com a prefeitura.

Casa da Vó Joaquina

Localização: bairro Ulysses Guimarães. (47) 3426-6601

Presta atendimento de adultos e famílias que se encontram em situação de rua e desabrigo por abandono, migração e ausência de residência, ou ainda em trânsito e sem condições de autossustento. São oferecidos jantar, pernoite e café da manhã. Atende em média 60 pessoas diariamente e há 20 vagas para permanência por um período maior neste espaço, via convênio com a prefeitura. Para ter acesso à Casa de Passagem, é preciso fazer cadastro no Centro Pop.

Centro de Atenção Psicossocial em Álcool e outras Drogas (CAPS AD)

Localização: rua Dr. Plácido Olímpio de Oliveira, 1.489 – Anita Garibaldi. (47) 3423-3367

Presta atendimento a pessoas com sofrimento decorrente do uso/abuso de álcool e substâncias psicoativas (drogas).

Funciona de segunda a sexta, das 8h às 17h, exceto feriados e pontos facultativos.

Centro Público de Atendimento aos Trabalhadores (Cepat)

Localização: rua Abdon Batista, 342 – Centro, Joinville. (47) 3422-5998

Promove acesso ao trabalho, por meio de auxílio na elaboração de currículos e encaminhamento a cursos profissionalizantes.

Atendimento de segunda a sexta, das 8h às 14h, exceto feriados e pontos facultativos.

Serviço Especializado em Abordagem Social (Seas)

(47) 3433-3341 e (47) 98402-4633 (WhatsApp)

Percorre diariamente as ruas da cidade e, conforme a demanda apresentada e a aceitação da pessoa, faz o encaminhamento para a rede de atendimento. Os profissionais seguem uma rota com 12 locais espalhados por Joinville, onde há maior concentração da população em situação de rua. A equipe visita esses pontos pelo menos duas vezes por semana. Também atende conforme recebe informações de lugares onde o serviço é necessário. 

Funciona de segunda a sexta, das 8h às 17h, exceto feriados e pontos facultativos.

Consultório na Rua. (47) 98880-9811 (WhatsApp)

Profissionais de saúde oferecem ações de promoção, prevenção e cuidados primários no espaço da rua.

Funciona de segunda a sexta, das 8h às 16h, exceto feriados e pontos facultativos.

Restaurante Popular I Herbert de Souza

Localização: rua Urussanga, 442 – Bucarein, Joinville.

Oferece refeições elaboradas por nutricionistas com acesso facilitado e baixo custo.

Funciona de segunda a sexta, das 7h às 8h (café da manhã), e das 11h às 14h (almoço), exceto feriados e pontos facultativos.

Restaurante Popular II Zilda Arns

Localização: avenida Alvino Hansen, 65 – Adhemar Garcia.

Oferece refeições elaboradas por nutricionistas com acesso facilitado e baixo custo.

Funciona de segunda a sexta, das 7h às 8h (café da manhã), e das 11h às 14h (almoço), exceto feriados e pontos facultativos.)

Ação de Inverno

Neste ano, nos dias de frio intenso, a Secretaria de Assistência Social realiza a Ação de Inverno, em que os moradores em situação de rua, após contato com o Centro Pop, são encaminhados para parceiros que oferecem banho, alimentação e local para pernoite. Outra iniciativa realizada neste inverno foi o acolhimento emergencial no Ginásio Abel Schulz. 

Programação na Casa de Passagem

Na Casa de Passagem, que acolhe adultos e famílias que se encontram em situação de rua e desabrigo, uma programação nesta quarta-feira (18) marcou o Dia Nacional da Luta da População em Situação de Rua.

Das 7h30 até a noite, foram oferecidos café colonial, café cultural, roda de conversa com usuários do serviço de acolhimento, almoço, momentos de cuidado (cabelos e unhas), presença do Consultório de Rua, do Cras, do Cepat e do projeto Fome de Rua, distribuição de brindes, apresentação do Afoxé Omilode e jantar.  

(Fotos: Divulgação)