A tradição da Festa do Divino na Diocese de Joinville
Em 2020, as programações tiveram de ser suspensas devido à pandemia de Covid-19. Neste ano, algumas igrejas adaptaram e retomaram as comemorações
14.05.2021 - 13:45:13
A Festa do Divino é uma comemoração popular que reúne símbolos, música, muita cantoria e fé que está ligada à Solenidade de Pentecostes. São dois eventos que se complementam nas tradições da Igreja Católica.
Divino e Pentecostes celebram a descida do Espírito Santos na forma de línguas de fogo sobre os apóstolos. As duas comemorações têm seu ponto alto 50 dias após a Páscoa, no Dia de Pentecostes, que neste ano é em 23 de maio.
A tradição do Divino começou no Brasil trazida pelos portugueses no século 16. Os festejos ocorrem principalmente nas cidades do litoral brasileiro, e não é diferente em Santa Catarina.
Em 2020, as programações tiveram de ser suspensas pelas paróquias e comunidades devido à pandemia de Covid-19. Neste ano, algumas igrejas retomaram e adaptaram as comemorações.
Os principais símbolos da festa são uma pomba branca, que representa o Divino Espírito Santo, e a Bandeira do Divino, que é entronizada de porta em porta nas comunidades ligadas à paróquia. Isso é feito com rezas, cantos e coleta de donativos.
A tradição inclui a eleição de um casal de imperadores para conduzir o desfile e a celebração nas comunidades. Também não pode faltar a música.
Tocadores e cantadores usando instrumentos como sanfona, pandeiro, zabumba e triângulo são essenciais para fazer a cantoria no ritual de passagem da bandeira pelas casas.
Mas, por causa da Covid, neste ano a maioria dessas celebrações está sendo realizada somente nas igrejas, sem as alegres visitas às casas, que devem ser retomadas em 2022.
Entre as paróquias da Diocese de Joinville com forte tradição na Festa do Divino estão o Santuário Nossa Senhora da Graça, em São Francisco do Sul; a Paróquia Divino Espírito Santo, em Barra Velha; e a Paróquia Nossa Senhora Dos Navegantes, em Balneário Barra do Sul.
Padre Fred Jorge de Araújo Silva, pároco da Paróquia Divino Espírito Santo, de Barra Velha, afirma que um povo não existe sem as suas tradições, religiosidade, saberes e fazeres. E Barra Velha não existe sem a Festa do Divino.
"Nossa tradição é quase bicentenária, embora tenhamos a listagem dos Imperadores somente após 1918. Em 1940, por conta da 2ª Guerra Mundial, e em 1990, devido ao falecimento do saudoso Frei Libório Schimitt, não tivemos edições dessa nossa tão importante e tocante celebração. Em 2020 e agora em 2021, a Festa do Divino de Barra Velha não acontece novamente, por causa da pandemia”.
A decisão de não fazer a peregrinação pelas comunidades ocorre, segundo o padre, porque a festa precisa acontecer de forma segura e plena. Por isso a Irmandade do Divino Espírito Santo, o casal imperial Valdir Tavares e Stella Tavares e o pároco Fred Jorge optaram por realizar a festa completa somente em 2022, com as tradicionais visitas às casas.
“Em 2022 as Bandeiras do Divino estarão novamente nas ruas, emocionando os devotos, que, através de muitas gerações, mantêm viva a nossa divina tradição. Que assim seja!”, destaca padre Fred.
Mas este evento popular não passará totalmente em branco em Barra Velha. A Festa do Divino será lembrada este ano no Tríduo de Pentecostes, com celebrações às 19h30 nos dias 20, 21 e 22 de maio. No dia 23 ocorrerá a Santa Missa Especial de Pentecostes, às 8h. As quatro celebrações serão realizadas na Paróquia Divino Espírito Santo.
20 de maio - 1º Dia do Tríduo
19h30 - Missa com padre Adenir José Ronchi.
Noveneiros - Três Poderes de Barra Velha e CDL
Liturgia - Dr. Edson Gomes e dra. Lourdes
Animação - Mary e Cassiano.
21 de maio - 2º Dia do Tríduo
19h30 - Missa com padre André Petermann
Noveneiros: Capelas da Paróquia do Divino
Liturgia: Paulo Dalfovo
Animação: Essência Divina
22 de maio - 3º Dia do Tríduo
19h30 - Missa com padre Dúlcio Araújo
Noveneiro: pastorais e movimentos
Liturgia: Mãe Rainha
Animação: Grupo Esperança
23 de maio - Dia da Festa
8h - Missa com o padre Fred Jorge de Araújo
Presença do Casal Imperial de 2022 e devotos
Liturgia: Irmandade do Divino
Animação: Anjos de Deus
“Para a cidade de São Francisco do Sul, a Festa do Divino é um momento único de renovar a fé e a espiritualidade do povo de Deus”, afirma padre Mario Wojciechosky, pároco do Santuário Nossa Senhora da Graça.
Segundo ele, “é momento de recordar, de voltar às raízes da fé acompanhada pela cultura do povo e de renovar a caminhada no seguimento de Jesus na Luz da Palavra, no alimento da Eucaristia e na força do Divino Espírito Santo, que, com seus dons e carismas, nos ajuda no seguimento de Jesus e no anúncio de que Nele está a nossa salvação”.
Por causa da pandemia, optou-se por não fazer visitas às casas neste ano. A programação se concentra no santuário.
A Festa do Divino de São Francisco do Sul é tão forte que está rendendo um livro. A obra vem sendo escrita por Clovis Corrêa Schwarz, que foi imperador de 2009/10
"Diferente de outras comunidades, nossa festa tem como objetivo a parte catequética, usando alguma coisa da tradição e do folclore como instrumento para o objetivo principal”, explica Clovis. “Temos uma comissão organizadora e um grupo musical que dão apoio às atividades. Anualmente é escolhido um casal de paroquianos que assume o papel de imperadores da festa e sua coordenação”, conta.
Há três jogos de bandeiras: o principal, que não sai da igreja matriz, e dois que peregrinam pela cidade, junto com o casal de imperadores e o grupo musical.
Em anos normais, são feitas visitas às comunidades da paróquia por uma comitiva composta pelo casal de imperadores, os músicos e casais de ex-imperadores, todos paramentados.
Uma tradição ligada ao Divino que se mantém forte no município é o agradecimento colocando-se nas bandeiras uma fita do tamanho da pessoa que alcançou a graça. Já os pedidos são depositados em caixas lacradas que peregrinam pelas comunidades. Neste ano, por causa da pandemia, elas estão dentro do santuário. Essas intenções são
ofertadas na missa solene de encerramento da festa.
"A missão básica é usarmos a tradição da Festa do Divino para desenvolvermos a ampliação da fé no Divino Espírito Santo”, diz Clovis.
(Na foto abaixo, feita antes da pandemia, padre Mario está com o casal de imperadores de São Francisco do Sul)
19 de maio
19h – Missa de Abertura do Tríduo preparatório
20 de maio
19h - Segunda missa do Tríduo preparatório
21 de maio
19h – Terceira missa do Tríduo preparatório
22 de maio
19h – Missa de Abertura Solene da Festa do Divino, com a apresentação dos futuros imperadores e a oferta dos pedidos e intenções recolhidos nas peregrinações comunitárias.
23 de maio
8h - Missa de Pentecostes com a presença dos imperadores
9 - Incineração das intenções e agradecimentos recolhidos (Átrio da
Matriz).
9h30 - Início da carreata pelos principais bairros da paróquia com a
presença do casal de imperadores e as bandeiras.
16h às 19h - Exposição das coroas e bandeiras, na Matriz, para as
pessoas poderem fazer orações e meditações individuais.
19h – Missa solene da festa, com a transmissão de cargo e envio dos
novos imperadores para a missão 2021/22.
* Se você tem algum pedido de graça, escreva em um papel e
deposite nas caixas vermelhas que estão na Matriz. Se você já recebeu alguma graça, doe uma fita do tamanho da pessoa agraciada para ser fixada nas bandeiras da festa (entregue na sacristia ou na secretaria.
* Devido à pandemia, o mandato do casal de imperadores, Robson Pegorer da Silva e Telma Regina Darros da Silva, foi prorrogado para 2020/21.
Padre Eliton Fernando Felczak, da Paróquia Nossa Senhora dos Navegantes, de Balneário Barra do Sul, conta que a Festa do Divino Espírito Santo surgiu na cidade de Alenquer, em Portugal, em 1296, após a rainha Santa Isabel de Aragão, casada com o rei Dom Diniz, ter uma prece atendida pelo Espírito Santo. A festa se espalhou por Portugal, principalmente pelo Arquipélago dos Açores.
(Na foto abaixo, padre Eliton com os símbolos da Festa do Divino)
No século 18, os açorianos ocuparam o litoral catarinense e trouxeram seus costumes e tradições, incluindo a Festa do Divino, que representa atualmente a manifestação mais significativa da cultura popular catarinense. “Atualmente, a festa é considerada Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural de Santa Catarina”, destaca padre Eliton.
Cada objeto utilizado nos festejos tem um significado simbólico: a coroa, o cetro e a salva simbolizam a responsabilidade e o compromisso do festeiro com o culto. A pomba representa o Espírito Santo, a paz, o amor e a humildade. Os pães da promessa, simbolicamente ofertados ao Divino, é uma maneira de agradecer e pagar promessas por graças alcançadas. A bandeira é o símbolo que inicia as festividades visitando as casas da comunidade logo após a Quaresma.
Padre Eliton lembra que cada grupo do GBR da Paróquia Nossa Senhora dos Navegantes tem uma Bandeira do Divino. No Dia de Pentecostes, cada grupo entra com sua bandeira nas celebrações realizadas nas oito comunidades. Neste ano, porém, foi possível fazer visitas somente em três casas, onde as lideranças já tinham recebido as duas doses da vacina anti-Covid.
As missas e as cantorias do Divino ocorreram nas residências dos casais Odalício e Irene, José e Rosângela, Isidoro e Natália. “Agradecemos a esses devotos que abriram suas casas para receberem a Bandeira do Divino”, diz padre Eliton. Barra do Sul também realiza celebrações especiais do Divino na Igreja Matriz.
16 de maio
8h - Comunidades Nossa Senhora Aparecida e São Sebastião
9h - Comunidade Santa Marta
9h30 - Igreja Matriz
19h30 - Igreja Matriz
20 de maio
16h - Igreja Matriz
22 de maio
18h - Comunidades Nossa Senhora de Fátima e Imaculada Conceição
19h30 - Igreja Matriz, Comunidades Santo Amaro e Sagrada Família
23 de maio
8h - Comunidades Nossa Senhora Aparecida e São Sebastião
9h - Santa Marta
9h30 - Igreja Matriz
19h30 - Igreja Matriz
- Casa do senhor Odalício, em Barra do Sul
- Casa da senhora Rosângela, em Barra do Sul
- Celebração do Divino na Igreja Matriz de Barra do Sul
- Casa do senhor Odalício, em Barra do Sul
- Um dos símbolos da Festa do Divino (Barra do Sul)
- Homenagem à Festa do Divino de Barra Velha na Câmara de Vereadores (anterior à pandemia)
- Casal de imperadores de Barra Velha (foto anterior à pandemia)
- Imperadores de Barra Velha (foto anterior à pandemia)
- Festa do Divino em Barra Velha (foto anterior à pandemia)
- Festa do Divino em Barra Velha (foto anterior à pandemia)
- Missa do Divino em Barra Velha (foto anterior à pandemia)
- Padre Fred e imperadores de Barra Velha (foto anterior à pandemia)
- Casal atual de imperadores de São Francisco do Sul recebendo intenções e pedidos de graça na celebração das comunidades (foto anterior à pandemia)
- Comitiva na comunidade mais longe da paróquia. Cristo Rei no Saí Mirim (foto anterior à pandemia)
- Comitiva na lancha para o distrito do Saí (foto anterior à pandemia)
- Imperador que sai indo buscar o futuro para apresentar à comunidade em São Francisco do Sul (foto anterior à pandemia)
- Incineração das intenções recolhidas nas visitas as comunidades e nas casas, em São Francisco do Sul (foto anterior à pandemia)
- Transmissão aos novos imperadores, em São Francisco do Sul (foto anterior à pandemia)
- Vista do presbitério na missa solene, em São Francisco do Sul
- Padre Mário com imperadores (foto anterior à pandemia)
- Celebração em São Francisco do Sul (foto anterior à pandemia)
- Imperadores atuais de São Francisco do Sul e padre Mário (foto anterior à pandemia)
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