Novo documento é implementado para melhorar a evangelização na Igreja
22.09.2017
Em entrevista para a Revista Diocese Informa, o arcebispo metropolitano da Arquidiocese de Curitiba Dom José Antônio Peruzzo falou sobre o documento “Iniciação à Vida Cristã: Itinerário para formar discípulos missionários”. Com a intenção de promover a inter-relação entre a catequese e a liturgia, este documento foi aprovado pelo episcopado brasileiro, durante a 55ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.
Revista Diocese Informa: Porque a CNBB viu necessário o novo documento “Iniciação à vida cristã: itinerário para formar discípulos missionários”?
Dom Peruzzo: Já há mais de 30 anos se fala da necessidade de um modelo catecumenal para toda a evangelização da Igreja. Não é apenas para a Catequese. Nos tempos atuais, em que tudo parece ter se tornado provisório; quando o imediato das respostas e das experiências parece se tornar imperioso; quando termo unificador nos relacionamentos entre pessoas tende a se concentrar nos subjetivo e individual; em tempos assim a catequese clássica, com estilo escolar já não suscita apreços pela pessoa de Jesus Cristo. Se faltar este “fascínio” como se escreveu no Documento de Aparecida, qualquer projeto evangelizador proporá mais religiosidades do que experiências de fé. Sem a fé vivida não há discipulado.
RDI: A Igreja no Brasil trabalha numa renovação pastoral?
DP: Já faz tempo que se fala em renovação pastoral. Fala-se de “novas paróquias”, “novas comunidades”. O pensamento é correto e necessário. Porém temos uma dificuldade grande. Pensamos corretamente; todavia a implementação do pensado é mais exigente. Isso acontece sempre nos sistemas econômicos, políticos, nas organizações sociais e também na Igreja.
Parece-me, porém, que a Iniciação à Vida Cristã chegou com grande força. É uma necessidade sentida por leigos, religiosos, presbíteros e bispos. Afinal, não perece difícil constatar que nosso modo de evangelizar deixa muitos sem respostas. É preciso palmear novos caminhos. Mais do que antes, muito mais, chegamos à percepção que os tempos requerem novos métodos. E a Iniciação à Vida Cristã foi o caminho seguido no tempo mais criativo de evangelização na história da Igreja. Mais do que falar de sistemas e doutrinas a Iniciação propõe, em primeiro lugar, uma “vivência de encontro com a pessoa de Jesus Cristo”. Daí a importância fundamental da liturgia e da Palavra de Jesus. Claro, a Doutrina não pode falar. Jamais. Mas não é a doutrina que ama e perdoa. É Jesus Cristo.
RDI: Implementações e estímulos são importantes para que a iniciação à vida cristã seja ainda maior?
DP: Se não voltarmos ao sentido original de que significa “evangelizar” continuaremos a ser uma Igreja mais ocupada com sua organização do que com sua missão. Dedicaremos nossas melhores energias em cuidar de quem já frequenta a Igreja do que com os que mais precisam do amor e das ternuras de Deus.
Segue, pois, que apenas “implementações e estímulos” seriam insuficientes. Passariam logo. Mais tarde a Iniciação seria um tema esquecido. No passado se falou de Nova Evangelização. E passou. Depois se falou de evangelização como cultura. Também se foi. Daí a urgência que seja uma opção consciente e duradoura dos bispos, presbíteros e lideranças leigas. Vale destacar uma constatação que se confirma por todo o Brasil: onde os padres aderem a iniciação próspera. E a Igreja se renova. As melhores experiências de Iniciação à Vida Cristã no Brasil têm padres à frente. Por outro lado, é honesto dizer, lá onde os padres não aderem a Iniciação não anda.
RDI: Como tornar o documento parte do cotidiano para que seja conhecido e vivenciado, tendo assim sua função realizada?
DP: Que o mesmo seja lido, estudado, relido, reestudado. Mas não basta conhecer. É algo como a amizade. Não basta estudar a amizade para saber ser amigo. Aliás, é melhor antes ser amigo. O estudo será necessário para uma justa compreensão. Sem isso até a amizade pode se tornar domínio. Algo assim é com a Iniciação. Recomendei que se o estude para que compreendamos do quê significa “Iniciação”. Porém, assim como a amizade depende menos de receitas e muito mais de disposições de ânimo, o mesmo se pode dizer da Iniciação. Ela nasce de um desejo veraz de apresentar “com paixão” a pessoa de Jesus Cristo. Afinal Ele é uma pessoa, não uma ideia.
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