Número de assassinatos no campo é o maior desde 2003, informa Comissão Pastoral da Terra
07.06.2018
A Comissão Pastoral da Terra (CPT), organismo vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), lançou na segunda-feira, 04, na sede da entidade, em Brasília (DF), a 33ª edição do relatório anual de Conflitos no Campo Brasil 2017. A publicação reúne dados sobre os conflitos e violências sofridas pelos trabalhadores do campo brasileiro, neles inclusos indígenas, quilombolas e demais povos tradicionais.
“Esse lançamento é uma tentativa de nós como Igreja estarmos atentos as questões dos conflitos. Quantas pessoas tem morrido e quantas pessoas tem perdido as suas terras?”, chamou atenção o bispo auxiliar de Brasília (DF) e secretário-geral da CNBB, dom Leonardo Steiner, na abertura da cerimônia. Segundo o bispo o momento é propício para unir as forças e ideais em prol de um país mais “fraterno e justo, especialmente no campo”.
Na sequência, o membro fundador da CPT, Antônio Canuto, destacou que a edição de 2017 traz de modo “assustador” os números da violência. Apresentando os dados em um telão, Canuto disse que 71 assassinatos foi o maior número registrado desde 2003, quando se computaram 73 vítimas. “É 16,4% maior que em 2016, quando houve o registro de 61 assassinatos, praticamente o dobro de 2014, que registrou 36 vítimas”, apontou.
Mas não foi só o número de assassinatos que cresceu. Ainda segundo a apresentação de Canuto é possível identificar que o lado mais “macabro” de 2017 foram os massacres. Do total de mortos, 31 pessoas morreram em cinco massacres pelo país. Em destaque as cidades de Colniza, no Mato Grosso e Pau D’Arco, no Pará.
O professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), Carlos Walter, um dos assessores do relatório, também colocou em evidência o que os números escondem. Analisando o período de 2015 a 2017, que ele caracteriza como de “ruptura política” e comparando-os com outros anteriores, o professor afirmou que fica evidente o aumento exponencial da violência neste período. Os dados mostram, por exemplo, que a média anual de assassinatos saltou para 60,6.
Outras ocorrências
Além dos conflitos por terra, outro dado preocupante levantado pela CPT é o relativo aos conflitos por água, como citado pela líder do acampamento. Em 2017 foram registrados 197 conflitos. O número mais elevado desde quando o organismo começou a registrar em separado estes conflitos. 172 foi o número de 2016. Um crescimento de 14,5%. “No período da ruptura política tivemos um aumento de 130%, afirmou o professor Carlos Walter. Também participaram da cerimônia de lançamento o atual presidente da CPT, dom André de Witte, a subprocuradora-geral da República, Deborah Duprat, entre outros convidados.
Confira os registros de massacres no campo.
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