Palavra do Bispo: A caridade cristã excede a filantropia
01.07.2019


Artigo do mês de julho de 2019, escrito por Dom Francisco Carlos Bach.
A solidariedade humana está presente no coração do nosso povo. As campanhas promovidas a favor dos necessitados geralmente superam as expectativas de seus organizadores. São inúmeras as entidades beneficentes que tanto bem fazem aos mais carentes de nossa sociedade e são dignas dos maiores elogios. Todos nós fazemos parte de uma mesma espécie e nos sentimos corresponsáveis uns pelos outros, buscando amenizar o clamor dos mais pobres: é a filantropia.
O valor da pessoa supõe a existência de um valor maior, pois como ser inteligente e livre, ela participa mais intimamente do que outros seres do universo da vida do próprio Deus. Na pessoa humana respeitamos a imagem de Deus e nos conformamos à sua vontade criadora ao respeitar a autonomia da pessoa, que é absoluta no contexto do mundo criado. Sua personalidade é de direito próprio, situa-se acima do universo material e biológico e exige um respeito incondicionado.
A caridade cristã, revelada em toda a sua extensão por Jesus Cristo, nos mostra que o amor evangélico ao próximo é amplamente generoso, pois estamos diante de uma pessoa tornada filha de Deus em Jesus Cristo. As páginas do evangelho são ricas de relatos do imenso amor de Jesus pela humanidade, mas de um modo muito especial pelos pobres e famintos. Citemos, como exemplo, o texto da multiplicação dos pães (cf. Jo 6,1-15), no qual o Senhor nos mostrou que tinha o poder divino de ajudar os que vinham ao seu encontro, com fome e sede de pão. O serviço aos pobres é o serviço ao próprio Cristo e é o critério que estabelecerá a nossa vida eterna em Deus, é a matéria do exame final de nossas vidas (cf. Mt 25,34-36). Na vida de partilha encontra-se a verdadeira fecundidade de nossa vida de cristãos (cf. Lc 12,22-34). Somos convocados a ter os mesmos sentimentos de Jesus Cristo.
Ao acolher e servir o pobre com amor, nós fazemos o que Cristo nos ensinou, quando se fez nosso irmão, pobre como nós. O serviço aos pobres é medida privilegiada, embora não exclusiva, de nosso seguimento de Cristo. O melhor serviço ao irmão é a evangelização que o dispõe a realizar-se como filho de Deus, o liberta das injustiças e o promove integralmente (cf. Puebla 1145).
"O amor da Igreja pelos pobres faz parte de sua tradição constante. Inspira-se no Evangelho das bem-aventuranças, na pobreza de Jesus e em sua atenção aos pobres... Não se estende apenas à pobreza material, mas também às numerosas formas de pobreza cultural e religiosa”. “Quando damos aos pobres as coisas indispensáveis, não praticamos com eles grande generosidade pessoal, mas lhes devolvemos o que é deles. Cumprimos um dever de justiça e não tanto um ato de caridade” (Catecismo da Igreja Católica, 2444 e 2446).
O Papa Francisco, por ocasião do 1º Dia Mundial dos Pobres (19.11.2017), afirmou que “nos pobres manifesta-se a presença de Jesus, que, sendo rico, fez-se pobre. Na sua fraqueza, há uma ‘força de salvação’. E, se aos olhos do mundo eles têm pouco valor, são eles que nos abrem o caminho para o céu, são o ‘nosso passaporte para o paraíso”. E "para nós, é um dever evangélico cuidar deles, que são a nossa verdadeira riqueza; e fazê-lo não só dando pão, mas também repartindo com eles o pão da Palavra, do qual são os destinatários mais naturais. Amar o pobre significa lutar contra todas as pobrezas, espirituais e materiais". Tal reflexão, válida para todos nós, nos impele a amar e a servir aos pobres.
Que Maria, a mãe de Jesus e servidora do Evangelho, seja nossa orientadora e modelo no amor e dedicação a todas as pessoas, especialmente às mais necessitadas.

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