Palavra do Bispo - Ser Mãe
03.05.2019
No segundo domingo de maio todos os filhos voltam mentes e corações para suas mães. Na certeza da minha fé, recordo-me da minha mãe, já falecida, que agora, junto a Deus, continua intercedendo por mim. Deus seja louvado pela sua vida, exemplo de amor e dedicação maternal.
A vocação maternal é exigente. Sempre foi e sempre será, pois a cada tempo novos desafios devem ser superados. Muitos encaram a vida humana como algo absolutamente relativo, o que gera uma espécie de conspiração contra a vida humana. Há organismos internacionais e até planos nacionais de governo ou partidos políticos que apresentam, em nome do progresso e conquista da liberdade, a contracepção, a esterilização, o aborto e a eutanásia como ações normais e até necessárias. É uma pena, pois o próprio ser humano está voltando-se contra si mesmo.
Diante deste contexto, apresento a história exemplar de uma mãe que viveu apenas quarenta anos, mas deixou-nos um exemplo admirável de valorização da vida humana. Refiro-me a Gianna Beretta Molla. Ela nasceu em 1922, na localidade de Magenta, Milão, Itália. De caráter expansivo e alegre, amava a vida. Com louvor, pela Universidade de Pavia (Itália), formou-se em medicina e cirurgia em 1949. Em 1952, na Universidade de Milão, especializou-se em Pediatria, sempre interessada em Clínica Obstétrica. Em 1955 casou-se com o engenheiro Pietro Molla, que assim a definiu: “Era uma mulher linda, mas absolutamente normal. Ela era esperta, bondosa, gostava de sorrir. Também foi uma mulher moderna e elegante. Dirigia o seu carro. Amava as montanhas (era alpinista) e esquiava muito bem. Adorava flores e música. Gostava de viajar. Nos meus trabalhos em outros países, sempre que possível, a levava comigo. Fomos à Holanda, Alemanha e Suécia, entre muitos outros. Gianna foi uma mulher que poderia usufruir, no sentido da palavra, das pequenas e grandes alegrias que Deus nos concede neste mundo”.
A gravidez de seus três primeiros filhos (Pierluigi, Maria Zita e Laura) transcorreu normalmente, mas no final do segundo mês da quarta gravidez, em 1961, apareceu um fibroma no útero. Poderia retirar o útero com o consequente aborto do feto e a preservação da própria vida ou submeter-se a uma cirurgia de alto risco preservando a gravidez, mas com a real probabilidade de que, em poucos meses, o útero poderia romper-se causando sangramento fatal. Suas palavras textuais foram: “Salvem a criança, pois tem o direito de viver e ser feliz”. Sua vontade foi obedecida e a cirurgia realizada. Viveu os sete meses seguintes com admirável força de espírito, com a mesma dedicação de mãe e de médica que lhe era peculiar, suplicando ao Senhor para que a criança nascesse com saúde. Na proximidade de dar à luz, reiterou seu propósito: "Se deveis decidir entre mim e o filho, nenhuma hesitação: escolhei, e isto o exijo, a criança. Salvai-a”. No dia 21 de abril de 1962 nasceu Gianna Emanuela, mas a mãe não suportou as complicações pós-parto previstas e faleceu no dia 28 de abril, aos 39 anos de idade.
O Papa Paulo VI, santo da Igreja, assim definiu o gesto de Gianna: “uma jovem mãe da Diocese de Milão que, para dar a vida à sua filha sacrificou, com imolação consentida, a própria". Em 1994, Ano Internacional da Família, foi beatificada pelo Papa João Paulo II, tendo sido considerada esposa amorosa, médica dedicada e mãe heroica, que renunciou à própria vida em favor da vida da filha, na ocasião da gestação e do parto.
Tal atitude heroica foi consequente à sua convicção profunda de que uma mãe não é proprietária do filho que traz em seu ventre, mas trata-se de um presente de Deus que merece um respeito sagrado, com os mesmos direitos de outras vidas já nascidas. Não houve drama no seu gesto, realizado com a consciência tranquila de quem compreende e valoriza o ser humano. Realizou tal sacrifício por ser “verdadeiramente mãe”!
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