Palavra do Bispo: A Paz na Encíclica Fratelli Tutti
Artigo de Dom Francisco Carlos Bach para o mês de fevereiro de 2021
01.02.2021 - 14:15:50

Fomos agraciados pelo Papa Francisco com mais uma Encíclica, denominada Fratelli Tutti (Todos irmãos), assinada no dia 3 de outubro de 2020, em Assis. Tem como tema a Fraternidade e a Amizade Social. Recordando São Francisco de Assis, o Papa afirma que este, “com poucas e simples palavras, explicou o essencial duma fraternidade aberta, que permite reconhecer, valorizar e amar todas as pessoas independentemente da sua proximidade física, do ponto da terra onde cada uma nasceu ou habita” (N. 1).
Existe uma palavra que, necessariamente, deve ser uma grande meta de todas as pessoas de bem: Paz! É o sonho individual e social de todos. Alcançar a verdadeira paz não é tarefa fácil. Estamos falando da paz interior, alcançada pelo santo de Assis, ao se libertar de todo desejo de domínio e poder, para viver em paz e harmonia com todos. O Papa, em sua Encíclica, ultrapassa o contexto individual da paz, pois ela é desejada para todo mundo, onde todos se reconheçam como irmãos, pressuposto para o mundo viver pacificamente: “Sonhemos como uma única humanidade, como caminhantes da mesma carne humana, como filhos desta mesma terra que nos alberga a todos, cada qual com a riqueza da sua fé ou das suas convicções, cada qual com a própria voz, mas todos irmãos”. (N. 8)
Há uma longa estrada para se chegar à paz almejada pelas nações. Os horrores das guerras e seus fracassos, onde tantas vidas perdidas não foram suficientes para ensinar ao mundo o caminho da concórdia. As sombras de nações fechadas em si mesmas estão presentes no hoje da história. Construir a paz é considerada por alguns como uma utopia. Contudo, desistir não é uma possibilidade, pois não podemos “ignorar que muitos dos nossos irmãos ainda sofrem situações de injustiça que nos interpelam a todos” (N. 11). Não temos outro caminho, pois “como precisa a nossa família humana aprender a viver conjuntamente em harmonia e paz, sem necessidade de sermos todos iguais” (N. 100).
Não será possível construir a paz sem o princípio determinante da dignidade inalienável da pessoa humana. O Papa enfatiza que “este é o verdadeiro caminho da paz, e não a estratégia insensata e míope de semear medo e desconfiança perante ameaças externas. Com efeito, a paz real e duradoura é possível só a partir de uma ética global de solidariedade e cooperação ao serviço de um futuro modelado pela interdependência e a corresponsabilidade na família humana inteira” (N. 127).
O caminho para construir a paz social é o da cultura do encontro, que “só se pode alcançar quando lutamos pela justiça através do diálogo, buscando a reconciliação e o desenvolvimento mútuo” (N. 229), pois sem igualdade de oportunidades, as várias formas de agressão e de guerra encontrarão um terreno fértil que, mais cedo ou mais tarde, há de provocar a explosão. Sem ignorar o valor e o significado do perdão, o Pontífice insiste na centralidade da misericórdia e pede a Deus que “prepare os nossos corações para o encontro com os irmãos independentemente das diferenças de ideias, língua, cultura, religião; que unja todo o nosso ser com o óleo da sua misericórdia que cura as feridas dos erros, das incompreensões, das controvérsias; [peço] a graça que nos envie, com humildade e mansidão, pelas sendas desafiadoras mas fecundas da busca da paz” (N. 254).
Todas as religiões estão a serviço da fraternidade no mundo. “Como crentes, pensamos que, sem uma abertura ao Pai de todos, não podem haver razões sólidas e estáveis para o apelo à fraternidade. Estamos convencidos de que só com esta consciência de filhos que não são órfãos, podemos viver em paz entre nós. Com efeito, a razão, por si só, é capaz de ver a igualdade entre os homens e estabelecer uma convivência cívica entre eles, mas não consegue fundar a fraternidade” (N. 272).
Vale a pena, na conclusão deste breve artigo, recordar a oração feita pelo Papa, no final da Encíclica, ao Criador:
“Senhor e Pai da humanidade, que criastes todos os seres humanos com a mesma dignidade, infundi nos nossos corações um espírito fraterno. Inspirai-nos o sonho de um novo encontro, de diálogo, de justiça e de paz. Estimulai-nos a criar sociedades mais sadias e um mundo mais digno, sem fome, sem pobreza, sem violência, sem guerras. Que o nosso coração se abra a todos os povos e nações da terra, para reconhecer o bem e a beleza que semeastes em cada um deles, para estabelecer laços de unidade, de projetos comuns, de esperanças compartilhadas. Amém. ”
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“Senhor e Pai da humanidade, que criastes todos os seres humanos com a mesma dignidade, infundi nos nossos corações um espírito fraterno. Inspirai-nos o sonho de um novo encontro, de diálogo, de justiça e de paz. Estimulai-nos a criar sociedades mais sadias e um mundo mais digno, sem fome, sem pobreza, sem violência, sem guerras. Que o nosso coração se abra a todos os povos e nações da terra, para reconhecer o bem e a beleza que semeastes em cada um deles, para estabelecer laços de unidade, de projetos comuns, de esperanças compartilhadas. Amém. ”
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Fonte Dom Francisco Carlos Bach