Palavra do Bispo: Com Coração de Pai

No artigo do mês de março, Dom Francisco resgata aspectos significativos da Carta Apostólica Patris Corde

No dia 8 de dezembro de 2020, o Papa Francisco nos presentou com uma Carta Apostólica sobre São José, denominada “Com coração de Pai”, alusiva aos 150 anos da declaração de São José como padroeiro universal da Igreja Católica. Como o próprio Papa afirma no texto, o “objetivo desta carta apostólica é aumentar o amor por este grande Santo, para nos sentirmos impelidos a implorar a sua intercessão e para imitarmos as suas virtudes e o seu desvelo”.

A Igreja católica, através do magistério papal, conferiu-lhe títulos que nos ajudam a compreender melhor este personagem que contribuiu para a encarnação do Verbo e consequentemente para a nossa redenção: padroeiro da Igreja Católica (Pio IX), padroeiro dos operários (Pio XII), Guardião do Redentor (João Paulo II). Sublinhe-se o fato de que depois de Maria, a Mãe de Deus, nenhum Santo ocupa tanto espaço no magistério pontifício como José.

A partir dos Evangelhos, o Papa Francisco nos delineia a missão que a Providência divina lhe confiou e como ele soube executar de maneira admirável. O humilde carpinteiro, casado com a Virgem Maria, viu o Filho de Deus nascer em Belém e o protegeu de Herodes. Foi magnânimo na missão de amar e cuidar do Filho de Deus. Vários atributos paternos são colocados em destaque: amado, terno, obediente, acolhedor, corajoso, trabalhador, humilde. 

São José, pai de Jesus e esposo de Maria, entregou-se plenamente à vontade do Senhor. Paulo VI, em homilia realizada no dia 19 de março de 1966, afirmou que “em ter feito da sua vida um serviço, um sacrifício, ao mistério da encarnação e à conjunta missão redentora; em ter usado da autoridade legal que detinha sobre a Sagrada Família para lhe fazer dom total de si mesmo, da sua vida, do seu trabalho; em ter convertido a sua vocação humana ao amor doméstico na oblação sobre-humana de si mesmo, do seu coração e de todas as capacidades no amor colocado ao serviço do Messias nascido na sua casa”.

São José é exemplo destacado para todos os pais. O Papa Francisco com seu coração de pastor, ao abordar a paternidade de São José e aplicá-la aos pais de hoje, é explícito no seu pensamento: “Ser pai significa introduzir o filho na experiência da vida, na realidade. Não segurá-lo, nem prendê-lo, nem subjugá-lo, mas torná-lo capaz de opções, de liberdade, de partir. Talvez seja por isso que a tradição, referindo-se a José, ao lado do nome de pai colocou também o de “castíssimo”. Não se trata duma indicação meramente afetiva, mas é a síntese duma atitude que exprime o contrário da posse. A castidade é a liberdade da posse em todos os campos da vida. Um amor só é verdadeiramente tal, quando é casto. O amor que quer possuir, acaba sempre por se tornar perigoso: prende, sufoca, torna infeliz. O próprio Deus amou o homem com amor casto, deixando-o livre inclusive de errar e opor-se a Ele. A lógica do amor é sempre uma lógica de liberdade, e José soube amar de maneira extraordinariamente livre. Nunca se colocou a si mesmo no centro; soube descentralizar-se, colocar Maria e Jesus no centro da sua vida”.

Obviamente, São José é modelo para todos nós, principalmente quando sucedem coisas em nossas vidas que não entendemos. “E a nossa primeira reação, frequentemente, é de desilusão e revolta. Diversamente, José deixa de lado os seus raciocínios para dar lugar ao que sucede e, por mais misterioso que possa aparecer a seus olhos, acolhe-o, assume a sua responsabilidade e reconcilia-se com a própria história”, apresenta a Patris Corde.

Concluo este breve artigo com a oração do Papa Francisco:

Salve, guardião do Redentor

e esposo da Virgem Maria!

A vós, Deus confiou o seu Filho;

em vós, Maria depositou a sua confiança;

convosco, Cristo tornou-Se homem.

Ó Bem-aventurado José, mostrai-vos pai também para nós

e guiai-nos no caminho da vida.

Alcançai-nos graça, misericórdia e coragem,

e defendei-nos de todo o mal.

 Amém.

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