Palavra do bispo: O homem de branco, com uma cruz no peito
Artigo de Dom Francisco Carlos Bach para o mês de abril
06.04.2023 - 14:23:16
No último dia 13 de março, o Papa Francisco comemorou o décimo aniversário de sua eleição como Pastor Supremo e nós rezamos por ele a fim de que possa bem conduzir a Igreja Católica. Denominado “vigário de Cristo”, cabe-lhe a imensa responsabilidade, em conformidade com os valores evangélicos, de fazer as vezes do próprio Jesus Cristo em nosso meio. É uma tremenda responsabilidade, contando com a ação do Espírito Santo e o auxílio do colégio apostólico, mas sempre acompanhado da cruz de Cristo: “Recordai-vos daquilo que eu vos disse: O servo não é maior do que o seu senhor. Se me perseguiram, perseguirão a vós também. E se guardaram a minha palavra, guardarão também a vossa” (Jo 15,20).
São João Paulo II afirmava que pouco importam expressões como Sumo Pontífice, Vossa Santidade, Santo Padre. Fundamental é a dedicação plena ao anúncio e testemunho da vida, morte e ressurreição de Cristo. Neste campo, Pedro, e com ele os outros apóstolos, e mais tarde também Paulo após a conversão, tornaram-se autênticas testemunhas de Cristo, até o derramamento do sangue. Mais do que belos nomes que ostenta, inclusive titulado por alguns como o todo-poderoso do Vaticano, o Papa continua a missão que Jesus Cristo confiou a Pedro e aos seus sucessores, sob o peso de uma responsabilidade e agenda implacáveis. Não é um ministério de poder, mas de indispensável serviço à Igreja.
Testemunha do Senhor, a serviço da boa nova do Evangelho, sua missão é anunciar ao mundo o projeto de Deus anunciado pelo seu Filho Jesus Cristo para a humanidade. O Papa mostra a esperança da vida futura sem ignorar o valor da existência terrena. Não pode fazer afirmações para agradar a humanidade, mas deve reiterar os princípios evangélicos mesmos que estes sejam estranhos ao nosso tempo, como a importância da cruz, o valor da pessoa humana independentemente de sua situação pessoal, o caminho estreito para se chegar à salvação (cf. Mt 7,14). A consciência das consequências do individualismo egoísta, relativismo e imediatismo, tão comuns em nosso tempo, longe de gerar pessimismo, reforçam sua ação de servidor do Evangelho.
Na sua solicitude universal, já que é o maior responsável e ponto de unidade eclesial, é um homem de profunda oração, seguindo as pegadas do próprio Jesus Cristo que mantinha uma intimidade profunda com o Pai. Na oração está o segredo que permite ao Papa não naufragar no imenso peso colocado sobre seus ombros. Recordo a experiência de Paulo e a sua afirmação: “Da mesma forma, o Espírito vem em socorro de nossa fraqueza. Pois não sabemos o que pedir nem como pedir; é o próprio Espírito que intercede em nosso favor, com gemidos inefáveis... Sabemos que tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu desígnio” (Rm 8,26-28). O Papa reza, parafraseando a Constituição Pastoral Gaudium et Spes, do Vaticano II, pelas alegrias e esperanças, tristezas e angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem”.
Alguém poderia perguntar em que consiste a essencialidade da missão papal. Recordo a frase dita pelo apóstolo Pedro: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mt 16,16). Jesus Cristo ocupa o centro da fé e da vida da Igreja. Com todo respeito devido a outras religiões, não cansamos de repetir que, apesar de alguns aspectos convergentes, Cristo não se assemelha nem a Maomé, nem a Sócrates, nem a Buda. É absolutamente original e irrepetível. A originalidade de Cristo, indicada nas palavras pronunciadas por Pedro em Cesaréia de Filipe, constitui o centro da fé da Igreja.
Um olhar à luz da fé permite-nos ver a figura do Papa como alguém que, como Pedro, foi escolhido para guiar a Igreja de Jesus. Não se trata de mera escolha humana realizada pelos Cardeais; cremos na assistência do Espírito Santo. O papa exerce a sua missão não em seu nome, mas em nome de Cristo. Somos convidados a olhar com carinho para o Santo Padre, nos unir às suas alegrias e às suas preocupações, comprometidos na oração e dóceis aos seus ensinamentos.
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Fonte Dom Francisco Carlos Bach