Palavra do Bispo: Rezar é preciso para bem navegar nos mares da vida
Confira o artigo de Dom Francisco para o mês de fevereiro
01.02.2022 - 11:41:08

Dom Francisco Carlos Bach Bispo da Diocese de Joinville
É célebre a expressão “Navegar é preciso” dos antigos navegadores. A audácia e a determinação em singrar os mares, por exemplo, levaram os portugueses a descobrir o nosso Brasil. Com o passar dos anos a mesma expressão continua sendo usada, agora aplicada ao esforço diário de cada dia a ser suplantando, independente das dificuldades encontradas.
Se a expressão acima denota a necessidade fundamental de viver com criatividade, recordando o poema de Fernando Pessoa, muito mais ainda, para o cristão, tem razão a expressão “Rezar é preciso”. Sobreviveremos às tormentas da vida, impregnadas de dificuldades espirituais, se nossos ouvidos estiverem abertos para ouvir o Senhor Deus e se nossos lábios e atitudes responderem prontamente, num diálogo de respeito e amor.
A falta de tempo não pode ser desculpa, embora ouçamos, às vezes, certas expressões: “Boa vontade não me falta, mas não tenho tempo. As ocupações são muitas, as preocupações são imensas, e não tenho tempo para rezar”. Se não rezo, é porque Deus vale muito pouco para mim. Se não rezo, é porque não o amo como é necessário. Se tudo e todas as coisas vêm antes do Senhor, nunca arranjarei tempo para rezar, pois haverá sempre muito a ser feito e Deus ficará em último lugar. É uma questão de escala de valores, de critério, de escolha, de amor.
Todos os aspectos da vida cristã têm em Jesus o seu modelo. Jesus também rezou. Não quis ser exceção à humana lei da oração. Se ele, como filho Unigênito rezava, quão necessária é a nossa oração como filhos adotivos? Jesus é o mestre da oração, da união com o Pai. Ver como ele rezava, quando rezava e o que rezava, deve ajudar a nossa própria oração, a nossa vida interior. E hoje, em tempos tão propensos para o agir, com toda a agitação e rebuliço da vida moderna, com tantas ocupações, reuniões e com tanta dispersão, torna-se mais necessário e urgente olhar Jesus que reza, que nos ensina como rezar e o que devemos rezar.
É extremamente impressionante perceber o lugar que a oração tem na vida e na atividade de Jesus. Sabemos pelo Evangelho que ele, muitas vezes, passava grande parte da noite, senão a noite inteira, em oração. Várias vezes os discípulos, ao acordarem, o encontraram rezando a sós. “De manhã, tendo-se levantado muito antes do amanhecer, ele saiu e foi para um lugar deserto, e ali se pôs em oração” (Mc 1,35). “Naqueles dias, Jesus retirou-se a uma montanha para rezar, e passou aí toda a noite orando a Deus” (Lc 6,12). E São Lucas, mais de uma vez, coloca-nos perante um Cristo que se afasta da multidão delirante e entusiasmada, por causa da fama que ele tinha, e vai rezar: “Entretanto se espalhava mais e mais a sua fama e concorriam grandes multidões para escutá-lo e ser curadas das suas enfermidades. Mas ele costumava retirar-se a lugares solitários para orar” (Lc 5, 15-16). Constatamos que a oração ocupava um lugar importante, uma parte notável da atividade de Jesus. Esse elemento, só por si, basta para nos perguntarmos se algo em nossa vida cristã precisa ser mudado, examinando os nossos conceitos sobre a oração e sua presença em nosso dia.
Oração é diálogo na intimidade com o Senhor, é deixar-se invadir por ele, para que a nossa inteligência se encha dos seus pensamentos, o nosso coração dos seus sentimentos e a nossa vontade dos seus desejos. A oração deve levar o cristão a ter como verdade indefectível, cada vez mais sólida e profunda, a frase de São Paulo. “Eu vivo, mas já não sou eu, é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20). A oração é diálogo e troca de amor que nos humaniza e diviniza!
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Fonte Dom Francisco Carlos Bach