Projeto da Paróquia São Francisco de Assis encerra primeira etapa e já organiza o próximo curso
Os diplomas aos 16 alunos que finalizaram o curso de salgadeiro serão entregues no dia 28 de agosto, após a Missa das 19h30 na Paróquia São Francisco de Assis
13.08.2021 - 17:09:57
A Padaria Comunitária Pão de Assis, do bairro Adhemar Garcia, em Joinville, encerrou a primeira etapa do projeto Padaria Comunitária de uma forma bem gostosa e dinâmica. Uma feira com produtos feitos pelos alunos movimentou o salão de eventos da paróquia no dia 6 de agosto. Eram evidentes a alegria e o orgulho dos alunos, dos professores e da organização do curso. As vendas começaram pela manhã e tiveram de ser encerradas uma hora antes do previsto porque não havia mais produtos.
Bolos de diversos sabores, pães, nuggets, hambúrgueres, croquetes, pastéis, mini-pizzas, trufas, alfajores, brownies, cookies, orelhas de gato, geleias e bolachas foram vendidos a preços variados. Fruto dos três meses de aprendizado no curso de salgadeiro, o primeiro oferecido pela Padaria Comunitária, realizado de maio a agosto.
Os diplomas serão entregues no dia 28 de agosto, após a Missa das 19h30 na Paróquia São Francisco de Assis. O curso foi finalizado por 16 dos 25 alunos que se inscreveram. Agora, 15 mulheres e um homem residentes na comunidade têm uma formação e podem contribuir na renda familiar.
RESGATE DA DIGNIDADE(Na foto acima, padre Dulcio sendo entrevistado durante a feira de 6 de agosto)
O curso e a feira, segundo o pároco Dulcio Antonio de Araujo, idealizador do projeto, serviram para resgatar a dignidade de pessoas que estavam desacreditadas e puderam demonstrar suas capacidades.
Ele destaca a dedicação dos professores do Senac. “Além de ensinarem, eles vestiram a camisa e abraçaram a causa deste projeto social. As alunas puderam perceber que é algo sério”.
A iniciativa de sucesso da paróquia se tornou possível graças à parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), que cedeu os professores, e a Associação Diocesana de Promoção Social (Adipros), responsável pela parte burocrática.
Do Senac Joinville participaram da primeira etapa do projeto o diretor Ronaldo Ribeiro, a coordenadora de Gastronomia, Francine Schoepping, e os professores Juliana, Catarina, Fernanda, Daniel e Heloisa.
PRÓXIMAS ETAPAS
As etapas seguintes da Padaria Comunitária estão sendo definidas. “Vamos continuar trabalhando na cozinha da Paróquia São Francisco de Assis até conseguirmos um local próprio com todos os equipamentos necessários”, explica o padre Dulcio.
O próximo curso vai começar no início de 2022, e deve ser formado um segundo grupo de salgadeiro. A princípio, seria um curso de confeiteiro, mas este precisaria ser feito três vezes por semana, num total de 300 horas. “Como as pessoas em situação vulnerável querem ter um retorno mais imediato, a sugestão do próprio Senac é fazer uma segunda turma de salgadeiro, com mais integrantes, e realizar o de confeiteiro em 2023”, informa.
Segundo o padre Dulcio, será feita uma pesquisa na comunidade para saber quais os produtos de panificação, confeitaria e salgados que as pessoas mais apreciam, para que a Padaria Comunitária priorize essas produções.
Segundo ele, os recém-formados terão acompanhamento. “Agora é dar as condições necessárias para que as ex-alunas e o ex-aluno possam colocar em prática o que aprenderam, com apoio da paróquia e da Adipros”.
OS DESAFIOS
Quando se fala nos desafios durante a realização do curso, é consenso entre os envolvidos que o principal deles foi aprender a lidar com questões emocionais e psicológicas dos alunos.
“Eles precisaram desenvolver uma mentalidade de coletivo, de trabalhar pensando no bem comum. Foi preciso trabalhar um espírito de união, de grupo, de entreajuda, para que não houvesse divergências, para criar uma verdadeira conversão ao estilo de vida de Jesus Cristo, de doação, partilha e amor fraterno”, relata padre Dúlcio.
Segundo ele, para que a futura cooperativa tenha sucesso é preciso fortalecer o espírito de verdadeira vivência do Evangelho dentro da Padaria Comunitária. “Passar da mentalidade de rivalidade, de mercado, para uma economia solidária. Pensar no todo, não só em suas necessidades. Ter espírito de cooperação no dia a dia, nos diversos trabalhos, desde a confecção até a limpeza da cozinha”.
Outro desafio, lembra o padre, é captar recursos para aquisição de insumos e equipamentos para montar uma padaria comunitária fora da paróquia.
DEPRESSÃO FICOU PARA TRÁS(Na foto acima, Adriana na produção de cookies)
No dia 6 de agosto, Adriana Alves, 36 anos, era só alegria. Ela concluiu o curso de salgadeiro, participou da feira e foi entrevistada por uma emissora de tevê local.
Adriana se destacou no curso pelas mudanças que as aulas fizeram em sua vida. Além de aprender a fazer vários produtos de confeitaria, incluindo cookies muito elogiados, ela deixou uma depressão para trás e ganhou mais confiança na vida.
Com um filho de 6 anos e morando com os pais, Adriana afirma que o mais difícil no início do curso foi conviver com todas as personalidades e aceitar as diferenças. “Foi um aprendizado diário”, destaca.
Os seus planos incluem trabalhar na associação que deve ser criada pela paróquia, contribuir para a comunidade, ajudar os pais em casa e terminar a faculdade de Gestão de RH. “Estou aprendendo a confiar na minha capacidade”.
COMPROMETIMENTOA coordenadora de Gastronomia do Senac, Francine Schoepping, está muito feliz com a conclusão do primeiro curso da Padaria Comunitária. “A gente buscou nesses três meses contribuir com a qualificação e o crescimento da comunidade dos arredores da paróquia. Confesso que o resultado foi muito além do que esperávamos”, afirma.
”Nós, educadores, aprendemos muito com nossos alunos e este público evidenciou ainda mais a oportunidade de crescimento pessoal e profissional em nossas vidas também. A Faculdade Senac Joinville está muito orgulhosa e grata ao padre Dúlcio e a todos os envolvidos por terem confiado a nós a primeira etapa da Padaria Comunitária. Que a gente faça novas parceiras para este projeto, que é tão grandioso e tem um objetivo muito nobre”.
Para Francine, ver a confiança com que os alunos saem do curso fortalece o propósito da educação, que é construir e levar qualidade de vida às pessoas. “Ver no dia da feira a confiança, o comprometimento e o profissionalismo com que todos estavam executando suas tarefas fortalece esse propósito. A gente está muito feliz, com a sensação de dever cumprido. E que venham novas oportunidades, outros cursos, mais parceiros, mais investimentos, para que possamos fazer a diferença na vida das pessoas”.
APRENDIZADO INCRÍVEL
A professora Juliana Karina Bartsch se emociona ao falar de sua participação no primeiro curso da Padaria Comunitária e dos desafios superados. A dificuldade inicial, segundo ela, foi entender como funcionava a cabeça de quem estava nas aulas.
O desafio seguinte foi incutir em quem perseverou no curso o quanto era importante aprender, se esforçar, se engajar, porque a iniciativa teria continuidade. “Conseguimos fazer com que algumas alunas não desistissem porque conseguimos passar a elas a importância do projeto”.
Juliana afirma que foi um aprendizado incrível, enriquecedor. “Consegui ver uma nova realidade com a qual não tinha contato. Foi muito desafiador, como um filho que estava gerando. Me empenhei de corpo e alma para que as meninas e o rapaz tivessem não só conhecimento de gastronomia e de confeitaria, mas dignidade de trabalhar em equipe e com as adversidades, entender que cada um tem necessidades, cultura e conhecimentos diferentes e que todos estavam ali por um objetivo, que era aprender para poder proporcionar renda para sua família”.
Segundo a professora, essa parte mais terapêutica, mais psicológica, foi o que mais fundamentou o projeto. “Conseguimos dar uma estrutura emocional para eles, falar do trabalho em equipe, dando exemplos nossos de vida, mostrando que aquilo tudo era normal, que as pessoas são diferentes e que em qualquer trabalho devemos saber administrar os conflitos. Eles aprenderam a equilibrar a impulsividade de reagir com a necessidade de ouvir, pensar e agir, mas muitas vezes pensar e ficar com aquela informação somente para si”.
Para Juliana, foi mais um desafio pessoal. “Saí muito feliz, completa como ser humano, foi uma experiência incrível poder ajudar essas pessoas não só com o conhecimento gastronômico, mas de vida”.
Ela propõe que no próximo curso também haja apoio psicológico para os alunos. “A gente como professor tenta, mas não temos o conhecimento necessário para isso. Acredito que se houvesse um apoio psicológico muitas não teriam desistido. Penso no apoio psicológico para que as pessoas tenham em mente o investimento de amor, carinho e tempo que a paróquia tem com esse projeto e, desta forma, valorizar o que estão recebendo”.
A Cozinha Comunitária, segundo Juliana, é um projeto lindíssimo. “Oferecer ao próximo oportunidade e dignidade para se inserir na sociedade é a proposta deste projeto. Eu me orgulhei em fazer parte dele. É um projeto que terá continuidade e fará muito bem para a comunidade, vai tirar muita gente da depressão. A mudança proporcionada aos alunos vai fazer muita diferença na vida deles”.
MUITOS AGRADECIMENTOS(Na foto acima, professora do Senac, coordenadora Janete, padre Dulcio, Francine e Ronaldo, do Senac)
Quem coordenou a primeira etapa do projeto foi a ministra de Eucaristia Janete Xister Leme, que é voluntária da Paróquia São Francisco de Assis há 33 anos. Ela chegou a ficar esgotada com tantos afazeres, mas não esconde o orgulho com o sucesso do projeto. Para entender todo o processo, Janete também foi aluna do curso.
“Confesso que não foi muito fácil, pois minha função foi coordenar algo diferente de tudo aquilo que já vivenciamos até hoje na nossa paróquia”, conta Janete. “Mas foi uma experiência incrível, fiz novas amizades e aprendi muita coisa boa”.
Para as demais etapas, segundo ela, é preciso pensar na possibilidade de incluir no projeto profissionais de psicologia e assistência social, pois os alunos vêm com históricos de muitas carências e dores.
Janete tem muitos agradecimentos a fazer: “A Deus, por me colocar ali; ao padre Dulcio, por ter me confiado tão nobre missão; à Lúcia e ao padre Fernando, da Adipros; ao Senac; aos alunos que permaneceram até o fim; às secretárias, que nos atenderam muito bem; à zeladora, sempre dando uma forcinha ao núcleo da comunidade, nos ajudando com compras e tudo o mais que foi necessário; à Márcia, sempre solícita com minhas necessidades, enfim, Deus seja louvado por tudo”.
Ela também destaca e agradece os professores do Senac, que foram incríveis, deram o melhor de si sempre, fazendo algo a mais do que simplesmente dar aula. “O primeiro passo foi dado, agora é só dar continuidade e colher bons frutos”.
Confira no álbum abaixo algumas imagens do dia 6 de agosto, quando o curso de salgadeira foi encerrado com uma feira no espaço de eventos da Paróquia São Francisco de Assis:
(Na foto acima, professora do Senac, coordenadora Janete, padre Dulcio, Francine e Ronaldo, do Senac)
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Fonte Albertina Camilo / Assessoria de Comunicação